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Arábia Saudita próxima de uma derrota militar no Iémen

Marib, no norte do país, é a única grande cidade sob controlo do governo apoiado pelos vizinhos da Arábia Saudita. Se cair nas mãos dos rebeldes, Riad averba uma pesada derrota contra o Irão.
25 Março 2021, 17h50

Nas linhas da frente a oeste de Marib, a última grande cidade sob total controlo do governo no norte do Iémen, os rebeldes Houthi, apesar de seis anos de intervenção militar liderada pela Arábia Saudita, estão na ofensiva, relatam as agências noticiosas.

Se Marib cair na posse dos insurgentes, a derrota iria acentuar ainda mais aquilo que os analistas preveem há algum tempo: a derrota da Arábia Saudita, que há seis anos luta ao lado do governo contra grupos armados pró-xiitas, apoiados pelo Irão. Mohammad bin Salman Al Saud, o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, foi um dos políticos do país que mais se empenhou no envolvimento na guerra do Iémen.

A situação é preocupante, nomeadamente para a comunidade internacional, dado que cerca de dois milhões de pessoas fugiram para a cidade enquanto a guerra civil alastrava por todo o país. Uma catástrofe humanitária, mais uma, pode ocorrer a qualquer momento.

Os houthis iniciaram a aproximação à cidade no início de fevereiro – mas entretanto têm avançado pouco, uma vez que as defesas do governo conseguiram manter firmes as suas posições.

A Arábia Saudita anunciou unilateralmente uma nova proposta de cessar-fogo em 22 de março passado, que prevê negociações políticas dirigidas pela ONU entre o governo do Iémen e os Houthis, as primeiras desde o final de 2018. Mas os insurgentes rejeitaram a proposta classificando-a como pouco séria – sendo de recordar que o Irão também tem uma proposta de paz que o outro lado não quis aceitar.

“A Arábia Saudita deve declarar o fim da agressão e levantar o bloqueio completamente, mas apresentar ideias que foram discutidas mais de um ano não é nenhuma novidade”, disse o porta-voz dos Houthi, Mohammed Abdulsalam, citado pelo jornal Al Jazeera. “Os países da agressão devem interromper todas as operações militares contra o Iémen, remover as suas forças e encerrar o cerco incondicionalmente”, em troca do fim dos ataques Houthi, disse ainda.

Será de recordar que o governo norte-americano de Joe Biden retirou os Houthis da sua lista negra de organizações consideradas terroristas – numa decisão que foi considerada uma tentativa de aproximação ao Irão tendo em vista o regresso às negociações do acordo nuclear de 2015 – e afirmou que não está disposto a apoiar a Arábia Saudita nesta sua aventura no sul da península. Biden chegou mesmo a dizer que iria acabar com o fornecimento de material militar de ataquem estando disponível para vender apenas armamento defensivo à monarquia saudita.

A ONU acredita estima que a guerra já causou 233 mil mortes, incluindo 131 mil de causas indiretas como a falta de alimentos, serviços de saúde e infraestruturas básicas. A guerra também devastou a economia iemenita.

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