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As melhores descobertas feitas nos 20 anos de ocupação da Estação Espacial Internacional

Parece que foi construída ontem, mas a Estação Espacial Internacional já está em órbita da Terra há 20 anos. Veja algumas da experiências e avanços que foram feitos durante este tempo.
  • NASA – Wikipedia
8 Novembro 2020, 13h00

A humanidade já vive no espaço em permanência há 20 anos. No dia 2 de Novembro de 2000, três homens tornaram-se os primeiros seres humanos a viver na nova Estação Espacial Internacional, durante 141 dias o astronauta americano William Shepherd e os cosmonautas russos Sergei Krikalev e Yuri Gidzenko ocuparam pela primeira vez a estação espacial, que tinha sido lançada dois anos antes. E ao longo de 20 anos, a Estação Espacial Internacional já foi a casa de 241 pessoas de 19 países.

Mas, para além de ser uma casa na órbita do planeta Terra, a estação espacial também é um dos laboratórios mais diferentes que estão à disposição dos cientistas de todo o mundo. A estação está numa órbita a mais de 400 quilómetros da superfície do planeta e os vários laboratórios que contém pode ajudar os cientistas a responder a perguntas relacionadas com biologia, física, astronomia e até medicina. Neste artigo vamos falar-lhe das descobertas mais dignas de nota que foram feitas na Estação Espacial Internacional em 20 anos.

Uma das questões que mais curiosidade despertou na comunidade científica prende-se com as possibilidades de sobrevivência da vida, em quase todos os seus aspectos, no espaço. De acordo com a NASA, durante 20 anos, foram feitas mais 3000 experiências neste âmbito, no laboratório de microgravidade da estação espacial, por cientistas de 108 países.

Estas experiências permitiram perceber como se podem preparar os astronautas que vão um dia explorar outros planetas do nosso sistema solar. Em 2017, os tripulantes da altura recolheram amostras de microorganismos presentes na estação, isolaram o seu ADN e sequenciaram-no pela primeira vez sem o enviar para terra.

Veggie
O Vegetable Production System na Estação Especial Internacional. Imagem – NASA

A composição da atmosfera de uma nave espacial não é o único obstáculo com que os astronautas se vão deparar quando tiverem de fazer viagens mais longas, como por exemplo para Marte. Também terão de cultivar os seus próprios alimentos, por isso, em 2014, os Estados Unidos enviaram para a estação espacial a primeira “horta espacial” denominada Vegetable Production System (Veggie). Na década anterior, os cosmonautas russos conseguiram cultivar trigo, mostarda japonesa e ervilhas. A 10 de Agosto de 2015, astronautas da NASA comeram a primeira alface cultivada no espaço depois de a agencia espacial garantir que era seguro. Neste momento, estão a cultivar rabanetes.

Scott Kelly
O astronauta Scott Kelly a vacinar-se contra a gripe na Estação Espacial Internacional. Imagem – NASA

Outro aspecto que está a ser estudado, são os efeitos da microgravidade no corpo humano através de um estudo efectuado em gémeos. Este estudo começou em 2015 e seguiu um par de astronautas que são gémeos verdadeiros, Mark e Scott Kelly. Scott passou um ano na estação espacial e Mark ficou na Terra. Durante esse tempo, dez equipas de cientistas dos Estado Unidos testaram todos os detalhes fisiológicos, moleculares e cognitivos dos dois homens. Tudo foi visto, desde os genes à densidade óssea. Depois de Scott regressar à Terra, as medições foram comparadas. O resultado foi uma pequena alteração genética em Scott, mas de resto tudo continuou igual entre os irmãos.

Experiências feitas na estação espacial também ajudaram a combater as doenças. O estudo de células sem os efeitos da gravidade pode ajudar a descobrir propriedades, comportamentos e respostas desconhecidas a tratamentos existentes. Também foram testadas novas terapias contra o cancro, como a Angiex Cancer Therapy, que pode, potencialmente, impedir o crescimento de tumores. Também foi desenvolvido trabalho de identificação de estruturas de proteínas que causam doenças como as que estão associadas à  que é genética. Também foram realizadas experiências sobre doenças como Alzheimer’s, Parkinson’s e asma.

A Estação Espacial Internacional também nos ajudou a entender melhor a vida no nosso planeta. A viajar a quase 29000 quilómetros por hora, a estação faz uma órbita completa ao planeta a cada 90 minutos, o que permite à tripulação ver 16 vezes o Sol a nascer e 16 vezes o Sol a pôr-se.  Esta velocidade permite a captação de dados em tempo real sobre o armazenamento de carbono nas florestas, a falta de água nas plantas e alterações no clima do planeta.

A Física também não ficou de fora das experiências científicas levadas a cabo na Estação Espacial Internacional e foram feitos avanços sobre a compreensão dos estados da matéria, como o gasoso, líquido, sólido e plasma. Foi produzido um quinto estado de matéria no laboratório “ultra frio” da estação em 2018. O condensado de Bose-Einstein, como se chama, foi produzido pela primeira vez em 1995, mas foi a primeira vez que foi produzido no espaço.

As condições de microgravidade na estação também tornaram possível a queima de combustível sem chama quente visível. O que os cientistas observaram foi um fenómeno chamado “chamas frias”, que pode, potencialmente, permitir a concepção de veículos muito menos poluentes. Ao contrário das chamas em terra que se apagam ao fim de segundos, as chamas na estação espacial arderam durante minutos, o que permitiu uma observação mais completa.

Os cientistas também aproveitaram a posição privilegiada da estação espacial para olhar para o espaço. Um projecto, o Alpha Magnetic Spectrometer – 02 (AMS– 02), que foi lançado em Maio de 2011, e que capta dados sobre raios e partículas cósmicos para ajudar a perceber do que é que universo é constituído e como surgiu, atingiu a marca de catalogar mais de 100 mil milhões de partículas cósmicas.

Em 2018, uma ferramenta da Japan Aerospace Exploration Agency (JAXA), a agência espacial japonesa, denominada Monitor of All-sky X-ray Image (MAXI) descobriu uma nova fonte de raios X. O Neutron star Interior Composition Explorer (NICER) da NASA foi depois apontado para essa zona do céu e descobriu-se que se tratava de um sistema binário com dois buracos negros. Mais tarde, esse sistema tornou-se a maior fonte de raios X no espaço, e ajudou os cientistas a perceberem como os limites de um buraco negro mudam à medida que absorve uma estrela.

Os últimos 20 anos de pesquisas na Estação Espacial Internacional foram muito valiosos para muitas áreas científicas. Mas está tudo no princípio, na semana passada, os astronautas que estão abordo colheram amostras de sangue e de urina para tentar perceber como se envelhece no espaço, estudaram colóides, substâncias que não são líquidos nem sólidos, como a pasta de dentes, falaram com estudantes em terra e fizeram experiências para determinar se a microgravidade afecta a capacidade de interpretar visualmente o movimento, orientação e a distância.

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