[weglot_switcher]

Associação de Turismo do Porto e Norte adivinha “competição muito feroz” com “grandes potências”

“A competição entre destinos será muito feroz. A nossa vizinha Galiza (Espanha) anunciou, logo no início da pandemia, um envelope de 27 milhões de euros para poder trabalhar a sua promoção internacional”, alertou o novo presidente da ATP, Luís Pedro Martins.
1 Outubro 2020, 16h23

O presidente da Associação de Turismo do Porto e Norte alertou hoje o Governo que a competição com “grandes potências” turísticas será “feroz” em tempo de pandemia e pede a revisão do modelo de financiamento para promoção internacional.

“A competição entre destinos será muito feroz. A nossa vizinha Galiza (Espanha) anunciou, logo no início da pandemia, um envelope de 27 milhões de euros para poder trabalhar a sua promoção internacional. A Espanha, a Itália, essas grandes potências de turismo (…), viviam muito à sombra do enorme sucesso que tinham neste setor, mas não vai ser assim a partir de hoje, não vai continuar assim, não pensem que vamos continuar a ter essas máquinas com o mesmo ritmo de atividade que tinham até ao início da pandemia”, avisou Luís Pedro Martins, o novo presidente da Associação de Turismo do Porto e Norte (ATP).

No discurso da sua tomada de posse, que decorreu no Palácio da Bolsa, no Porto, Luís Pedro Martins, que passa agora a acumular o cargo com o de presidente da Turismo do Porto e Norte de Portugal, dirigiu-se à secretária de Estado do Turismo, Rita Marques, e ao presidente do Turismo de Portugal, Luís Araújo, presentes na cerimónia, para lhes garantir que está disposto a manter a “longevidade da organização ATP” e a estabilidade do destino Porto e Norte, mas que é fundamental que seja revisto o modelo de financiamento da promoção da região no estrangeiro.

Na opinião do responsável, é importante clarificar quem tem na região as competências, o conhecimento e também os meios para realizar a promoção internacional.

“Rever o modelo de financiamento da promoção externa, que todos sabemos hoje caduco e desfasado da realidade”, bem como “reforçar o orçamento das ERT [Entidades Regionais de Turismo], nomeadamente no que à promoção diz respeito”, são ideias que defendeu.

O novo presidente da ATP reconheceu que o futuro do setor turístico da região Norte será uma luta “feroz”.

“Será por isso uma luta feroz, que não queremos desigual, embora saibamos que não será possível igualar, mas é bom que todos nos concentremos nesta preocupação e é bom também que a tal bazuca possa servir para nos aproximar destas potências de turismo que em breve iremos estar no terreno a travar a batalha pelos nossos destinos”, acrescentou.

Luís Pedro Martins declarou também que, com esta nova união das duas organizações da região, a ATP e a TPNP vão fazer a “sua parte”, ou seja, vão trabalhar para a “distribuição dos turistas entre as cidades e os territórios de baixa densidade de forma complementada” e com “relações de cooperação”.

“Sou um homem que gosta de construir pontes e, por esse motivo, tenho claro que o modelo que surgir desta integração funcional terá de resultar no equilíbrio destes dois grandes vetores: por um lado, dos contributos e recompensas entre o setor público e privado, no sentido de não só tornar mais equitativo o esforço entre as partes, e, por outro, assegurar que os benefícios a retirar destas parcerias serão multiplicados para as empresas, para o Estado e para a sociedade em geral”, disse.

Para Luís Pedro Martins, “estas são as condições que podem permitir com que o novo Turismo do Porto e Norte de Portugal se assuma como organização capaz de, em simultâneo, ajustar as expectativas dos ‘stakeholders’ (grupos de interesse) e a capacidade de organização às mudanças de ambiente e conjuntura, ao mesmo tempo que persegue a inovação e a sua mudança estratégica”.

O responsável entende que a cidade do Porto é o “ponto fulcral e ponto de acesso ao destino Norte de Portugal” e deve ser da cidade que devem ser “disponibilizados os diferentes produtos turísticos regionais”, facilitando a acessibilidade aos recursos turísticos localizados nos quatro subdestinos turísticos: Porto, Minho, Trás-os-Montes e Douro.

“Sejamos nós capaz de partilhar a mesma visão para o Porto e Norte de Portugal (…). E sejamos capazes de assumir que a governança e gestão das organizações do turismo influenciam e muito o desempenho do respetivo destino e, portanto, urge tratar desta questão que, embora sensível, é definitivamente relevante no contexto da liderança e na governança das organizações do destino regionais e, consequentemente do destino [Norte]”, concluiu.

Luís Pedro Martins destacou ainda a “grande aposta” que quer levar a cabo na transição para o digital, especialmente em matéria de comercialização, bem como afirmou que quer contribuir para o “fator segurança”, um atributo dos destinos que assume que “nunca esteve tão na ordem do dia como no atual momento [de pandemia] e do qual o Turismo de Portugal soube colocar o país na crista da onda”.

Com o acumular do cargo de presidente da Entidade Regional de Turismo do Porto e Norte de Portugal e da ATP, Luís Pedro Martins concretiza um anseio demonstrado diversas vezes no sentido de ser possível unificar as lideranças das duas organizações de turismo da região Norte e assim definir e implementar uma estratégia comum de promoção do destino nos vários mercados emissores.

Luís Pedro Martins tomou hoje posse como novo presidente da Associação de Turismo do Porto e Norte (ATP), depois de no ato eleitoral, em 17 de setembro, a lista que encabeçou ter recolhido 98,5% dos votos.

Até à data, a TPNP estava responsável pela promoção junto do mercado nacional e o mercado internacional de proximidade (regiões autónomas espanholas da Galiza e de Castela e Leão), enquanto a ATP fazia toda a restante promoção externa do território.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.