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Associação Mutualista quer “reforçar sinergias” com o Montepio e subsidiárias e vai criar um ACE

Alinhar as estratégias do Grupo Montepio; concretizar o plano estratégico; e captar e potenciar sinergias dentro do Grupo através da criação de um ACE, são as metas traçadas pela Associação Mutualista. Fidelizar os associados e aumentar as receitas também. Para 2018 prevê um lucro de 30,5 milhões.
21 Janeiro 2018, 20h35

O Plano de Ação e Orçamento da Associação Mutualista para 2018 que foi aprovado em assembleia geral de associados realizada a 27 de dezembro de 2017, desvenda o que quer a instituição para as suas participadas, onde se inclui o banco Caixa Económica Montepio Geral e os seguros, aglutinados na holding Montepio Seguros.

“Captar e potenciar as sinergias de relação, distribuição e de funcionamento no seio do Grupo e assegurar a convergência tecnológica, através da centralização de funções comuns, de suporte e de staff, com a criação de uma entidade de serviços comuns às diversas entidades do grupo – Montepio Serviços, ACE (Agrupamento Complementar de Empresas)”, é um dos projetos para 2018.

A Associação Mutualista quer “consolidar a autonomia funcional, os processos e a tecnologia e assegurar a convergência tecnológica com as restantes entidades do Grupo”.

O outro projeto é reforçar o domínio sobre as participadas. “Reforçar o controlo estratégico das participações de domínio, através do aumento da accountability, ou seja da prestação de contas, da revitalização e dinamização do funcionamento do CEP – Comité de Empresas Participadas e do reforço da comunicação e interação de cada empresa com a casa mãe – Montepio Geral Associação Mutualista”, refere o Plano da dona do Montepio Geral.

As ações a empreender em 2018 enquadram-se nas Linhas de Orientação Estratégica aprovadas pelo Conselho Geral do MGAM para o próximo triénio 2018-2020, contemplam a abertura de capital das Caixa Económica Montepio Geral, e, também, da Lusitania – companhia de seguros, como é já conhecido. “As medidas tomadas em 2017 criaram condições para a abertura do capital dessas entidades a outros investidores e proceder à racionalização das participações para recompor o balanço, mitigar riscos, otimizar recursos e possibilitar a geração de valor”, diz o Plano.

“Para otimizar o grupo e captar sinergias de articulação estratégica entende-se necessário promover o alinhamento estratégico das empresas com as finalidades e os valores mutualistas, promovendo-se a execução do PEG – Plano Estratégico do Grupo”, realça a Associação.

Plano prevê reforço da venda dos produtos financeiros aos balcões do Montepio

O Plano é ainda claro no que toca  à canalização de produtos da Associação Mutualista aos balcões do Montepio Geral. No Plano da Associação liderada por Tomás Correia está patente prosseguir as ações para fidelizar os atuais e captar novos associados e acelerar a dinâmica de captação de poupanças em receitas de modalidades mutualistas.

Isto através “da dinâmica de atuação dos Gestores Mutualistas, reforçando as respetivas competências e conhecimentos sobre o mutualismo e as suas diferenças distintivas”;  do crescente aproveitamento do potencial dos canais de distribuição da CEMG e do Grupo e a obtenção de sinergias de grupo; e da otimização e desenvolvimento dos canais de promoção e de divulgação do mutualismo, com a reformulação da atual rede de promotores mutualistas e aproveitamento do potencial das parcerias, designadamente da economia social”.

O Plano traça ainda como meta “o alargamento da oferta de benefícios mutualistas, das modalidades de benefícios pecuniários, aos benefícios de saúde e benefícios complementares, propiciadores da melhoria da qualidade de vida dos associados”; a criação de um “pacote de oferta para famílias englobando modalidades para necessidades de aforro e proteção, consoante os ciclos de vida dos seus membros”; o lançamento de “campanhas de comunicação sobre a oferta mutualista e de divulgação do mutualismo; “a elaboração e implementação de um Manual de Vinculação Mutualista, que apoie a ação dos gestores mutualistas e dos canais de contacto e de relação com os associados”; e o “aumento da penetração de subscrições de modalidades na base de associados e do aumento do montante médio per capita de poupança mutualista captada”.

“Prosseguir o reforço da identidade da associação, particularmente no seio da rede de distribuição da CEMG e canais de promoção”, lê-se também no Plano de Ação.

“Prosseguir o desenvolvimento da oferta de benefícios de proteção social e saúde, com o novo Plano Saúde Montepio e criar nova modalidade, como previsto na revisão do Regulamento de Benefícios”, é outro dos objetivos anunciados.

A Associação estabeleceu os objetivos de captação de 974 milhões de euros através de modalidades de capitalização. O que implica, e tal como já noticiou o Expresso, reaplicar a quase totalidade dos 370 milhões de euros das “séries Capital Certo que vão vencer durante o ano”, lê-se no Programa de Ação e a captação de 50 milhões de novas poupanças por mês. Esse objectivo é essencial para atingir o objectivo de crescimento do ativo.

O Plano de Ação inclui a obtenção de 102 milhões de euros em modalidades de previdência em termos anuais, o que implica a entrada de cerca de 9 milhões de euros por mês.

Associação diz que vai aumentar o ativo em 14%

A Associação Mutualista prevê com isto aumentar o ativo em 14% este ano de 3.413 milhões de euros (em 2017) para 3.890 milhões de euros, lê-se no balanço previsional.

A obtenção de uma taxa de rendimento médio do ativo de 2,3%, isto num contexto de juros muito baixos e negativos, é uma das metas enunciadas.

A instituição liderada por Tomás Correia prevê aumentar a situação líquida de 206 milhões em 2017 para 229,4 milhões de euros em 2018.

A Associação Mutualista estima que em 2017 os lucros tenham sido de 17,3 milhões de euros, o que compara com 7,4 milhões em 2016.

Para 2018 prevê um lucro de 30,5 milhões. Como? A valorização dos investimentos em subsidiárias e associadas em 45 milhões está por detrás destes objetivos. Assim como a contenção de gastos gerais administrativos na linha dos 29 milhões de euros.

O apuramento de cerca de 25 milhões de euros de resultado positivo nas rubricas de juros, rendimentos e encargos similares, está também previsto no Plano aprovado pelos associados. A manutenção dos resultados com propriedades de investimento, essencialmente através do arrendamento de imóveis, na ordem dos 14 milhões, também ajuda ao lucro.

A Associação Mutualista prevê ainda libertar 45 milhões de imparidades com as várias subsidiárias, incluindo o banco Caixa Económica Montepio Geral, através da atualização da taxa de desconto dos testes de imparidades. O Orçamento prevê a reversão deste montante de imparidades, que é uma pequena parte do valor acumulado de cerca de 350 milhões de euros de imparidades registadas no balanço da Associação Mutualista desde 2015, “mesmo quando já se começam a antever condições para justificar a reversão total das imparidades”, diz a Associação Mutualista no Plano de Ação.

No total de 350 milhões de imparidades com as suas subsidiárias, a que maior peso tem neste número é o banco Caixa Económica Montepio.

Por fim a Mutualista prevê uma evolução dos indicadores de liquidez, cobertura do ativo e cobertura das responsabilidades, para, respectivamente 6,3%, 5,9% e 105,4%.

O Ministro da Solidariedade, Segurança Social e do Trabalho, José Vieira da Silva anunciou que iria a Conselho de Ministros uma primeira versão no novo Código das Mutualistas, que no essencial vai alterar a forma com é feita a supervisão financeira dos produtos da Associação Mutualistas (vendidos através do banco e seguradora).

A Associação liderada por Tomás Correia já contava com isso, pois nas suas metas para o triénio vem “o desenvolvimento do sistema de governo e de controlo interno adequado ao perfil do MGAM e aos requisitos que lhe vierem a ser aplicáveis, no quadro das futuras alterações da revisão do regime jurídico das associações mutualistas e considerando o desenvolvimento estratégico que se pretende”.

 A Associação prevê um número de associados para 2018 de 659.331 perto dos 660.000 estimados para 2017. No entanto os valores reais até outubro apontam para a existência de 624 mil associados. Para atingir o objetivo de 2018, a Mutualista diz que é preciso captar 2.500 novos associados por mês. Esforço pedido à rede de gestores mutualistas, mas, diz o documento, da “eficiente e eficaz interligação” entre os serviços da Associação e do banco.

O Programa de Ação e Orçamento para 2018 foi aprovado pelo Conselho Fiscal da Associação Mutualista.

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