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“Até eu já estou baralhado”: CEO da Galp critica uso de providências para tentar travar exploração em Portugal

Carlos Gomes da Silva criticou os pedidos de providências cautelares para bloquear a exploração de petróleo em Portugal, salientado que nos outros países onde a empresa opera “não há situações desta natureza”. A Galp desistiu de três das quatro áreas na bacia de Peniche por falta de potencial, mas vai explorar um poço no Alentejo em 2018.
  • Cristina Bernardo
31 Julho 2017, 17h59

A Galp Energia registou um imparidade de 22 milhões de euros no segundo trimestre deste ano sobre blocos exploratórios  no offshore português. Em conferência de imprensa, o CEO da petrolífera relacionou esta imparidade com a desistência de três áreas em Peniche, mas afirmou a intenção de explorar um poço de petróleo no Alentejo de abril a julho de 2018.

“Sobre as imparidades reconhecidas, foi no offshore português, na bacia de Peniche, onde nós temos quatro áreas atribuídas. Depois da análise de prospetividade de três delas, decidimos devolver a concessão e nessa perspetiva retivemos apenas uma, e as imparidades de 22 milhões decorrem precisamente dessa decisão”, explicou Carlos Gomes da Silva.

“Quanto ao Alentejo, tinhamos dito que iríamos aguardar, e assim nos mantivemos. A janela de oportunidade fechou, neste momento nós temos projectado para 2018 o poço de avaliação, que para além de avaliar o potencial marinho em termos energéticos, também vai analisar outras questões ligadas à biodiversidade e a outro potencial mineral que exista naquela zona. Só depois disso é que tomaremos a decisão de avançar ou não”, referiu, adiantando que a melhor janela de oportunidade é entre abril e julho, os meses do ano com as melhores condições para a perfuração.

Questionado sobre as providências cautelares que têm sido pedidas por autarquias e associações que querem travar os projetos da Galp com a italiana ENI na Bacia do Alentejo, o CEO respondeu: “confesso que até eu estou já baralhado”.

“Chega uma altura em que há uma figura no direito que se chama o abuso de direito propriamente dito, e eu não sei não é a figura já ser usada. Mas é um tema que não está no nosso controlo, nem conseguimos de alguma maneiro endereçá-lo que não seja do nosso lado cumprir com os requisitos a que estamos obrigados do ponto de vista da concessão”, adiantou.

Explicou ainda que a Galp tem uma larga experiência, “já levamos mais de 300 operações por esse mundo fora, desde Angola até ao Brasil, estamos neste momento a fazer uma campanha sísmica muito alargada em São Tomé e Princípe, temos um trabalho aprofundado na Namíbia. Nós estamos a trabalhar por esse mundo fora. Aparentemente, só em Portugal é que há situações desta natureza, portanto não queria qualificá-las mais”.

Colaboração no ‘Galpgate’

Em relação ao ‘Galpgate’, ou seja, a investigação do Ministério Público sobre viagens de governantes a jogos da seleção nacional de futebol no Euro 2016 a convite da Galp, e que já provocou a demissão de três secretários de Estado e outros responsáveis na esfera do Governo, Gomes da Silva reiterou a posição da empresa.

“O que posso dizer é que nós aguardamos serenamente o desenvolvimento da investigação. Como sempre, e desde o primeiro momento, a Galp tem colaborado com as autoridades para o cabal esclarecimento daquilo que aconteceu e sempre o continuaremos a fazer”, reafirmou.

Salientou ainda que é no interesse “de todos” que esse esclarecimento seja feito. “A empresa atuou dentro da lei, usou práticas que são habituais e comuns a outros patrocinadores da Seleção e portanto nessa medida vamos aguardar, estaremos cá disponíveis para prestar qualquer esclarecimento que seja necessário. Se o Ministério Público entender que a empresa ou alguns dos seus colaboradores ou representantes venha sido constituído arguido, cá estaremos, continuaremos a colaborar”.

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