Marta Temido classifica o atraso antecipado pelo coordenador da task-force de vacinação em Portugal como “marginal”, atribuindo-o sobretudo aos atrasos na entrega das vacinas. Em declarações aos jornalistas esta quarta-feira, a ministra da Saúde reconheceu ainda a forte probabilidade de serem necessárias ações de reforço da imunização contra a Covid-19 nos próximos tempos.
Depois do almirante Gouveia e Melo ter revelado esta quarta-feira que o objetivo de ter 70% da população adulta vacinada com pelo menos uma dose até ao final da primeira semana de agosto deveria ser atingido apenas 15 dias depois do previsto, a ministra mostrou-se pouco preocupada com este retardamento do objetivo de saúde pública.
“O atraso de duas semanas é marginal numa operação destas. O referido foi que provavelmente não será no final da primeira semana de agosto, mas 15 dias depois, o que também é influenciado pelos atrasos nas entregas das vacinas”, afirmou, reconhecendo de seguida que, apesar das satisfatórias taxas de eficácia destes fármacos na imunização contra o SARS-CoV-2, não se pode olhar para os mesmos como “milagres”.
“As vacinas são efetivas, seguras, têm qualidade, mas não são milagres. São uma tecnologia, um medicamento, com um potencial de terem efetividade de 70, 80 ou 90%. A possibilidade de uma pessoa vacinada contrair a doença ou formas graves é reduzida em termos de probabilidade, mas há sempre uma margem de risco que as vacinas não evitam completamente”, alertou a ministra.
Como tal, o Governo “está já a adquirir quantidades de vacinas para 2022 e 2023 que permitirão” o reforço da inoculação no futuro, dada a incerteza quanto à duração da imunidade que conferem e quanto a possíveis novas estirpes mais resistentes.
Quanto à situação na Área Metropolitana de Lisboa, Marta Temido não avançou com qualquer previsão relativamente ao levantamento das medidas restritivas, reiterando que estas “tenham de se manter, como se mantiveram noutros pontos do país” quando a situação pandémica se agravou.
Sobre a possibilidade de recomendar a testagem semanal à população da capital, a ministra considera que “a periodicidade dos testes depende muito da exposição ao risco”, mas, dada a gratuitidade dos testes em vários locais, deixou um apelo à consciência dos lisboetas.
“Queremos que as pessoas ainda não vacinadas possam utilizar um teste antes de se submeterem a si ou aos outros a uma exposição que possa ser de risco. Há aqui uma questão de literacia para a saúde, mas também de decisão e responsabilidade individual”, rematou.
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