O regresso às aulas representará o “momento da verdade” quanto ao impacto da progressiva normalização das atividades em sociedade na pandemia de Covid-19.

Os primeiros sinais são relativamente encorajadores. Durante julho e agosto, foi notório um relaxamento do distanciamento social e uma maior mobilidade das pessoas em atividades associadas às férias. Ainda que com cuidados, nomeadamente na utilização de máscaras, limpeza de superfícies e diminuição das lotações, houve uma forte partilha de espaços comuns, como restaurantes, centros comerciais e piscinas. Realizaram-se muitos encontros de famílias e amigos e, ainda que longe do observado em outros anos, o número de turistas estrangeiros e de emigrantes que visitaram o país foi bem mais do que residual.

Havia condições para um aumento significativo de novos casos. Para já, isso não aconteceu. A “prova dos nove” virá agora com o regresso às aulas. Ainda que com separação de turmas, haverá bastantes vetores de potencial contágio como os professores e auxiliares, as refeições ou as próprias famílias. Será um forte convite ao desconfinamento porque é necessário sair de casa para levar os alunos à escola e isso aumentará o recurso aos transportes públicos. Será impossível isolar completamente os alunos e haverá algumas atividades extracurriculares, fora e dentro das escolas.

Teremos, seguramente, mais casos. Mas, se aumentarem de forma moderada, será possível dar o passo seguinte na normalização. O desporto e as artes são atividades de extrema importância para os jovens (e não só) e urge a flexibilização das apertadíssimas regras de funcionamento a que estão sujeitas. Feito o trabalho mais difícil de março a junho, é o momento de termos a coragem de testar o que vale esta pandemia.