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Austrália exige pedido de desculpa à China após publicação de imagem no Twitter

“O Governo chinês deveria sentir-se totalmente envergonhado com esta mensagem. Diminui-os aos olhos do mundo”, disse Morrison, referindo-se à imagem publicada pelo funcionário na rede social censurada na China.
30 Novembro 2020, 08h42

O primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, exigiu hoje um pedido de desculpas da China por uma publicação na rede social Twitter divulgado por um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

“O Governo chinês deveria sentir-se totalmente envergonhado com esta mensagem. Diminui-os aos olhos do mundo”, disse Morrison, referindo-se à imagem publicada pelo funcionário na rede social censurada na China.

Morrison sublinhou que a publicação “é totalmente escandalosa e não pode ser justificada”, e disse ter pedido ao Twitter para “imediatamente” remover a mensagem que contém “uma imagem falsa”.

A controversa publicação de Zhao Lijian, que após quatro horas ainda está na rede social, é acompanhada por uma fotografia em que um soldado com uniforme militar e capacete com a bandeira australiana segura uma faca ensanguentada no pescoço de uma criança descalça, cuja imagem está desfocada, que está agarrada a uma ovelha branca.

O chão onde ambos aparecem é coberto pela bandeira australiana, que também cobre vários corpos inertes, e a bandeira afegã, que é composta por peças de um puzzle.

O oficial chinês escreveu que ficou “chocado com o assassínio de civis afegãos e prisioneiros por soldados australianos” e acrescentou: “Condenamos veementemente estes atos e pedimos que prestem contas”.

A publicação de Zhao Lijian segue-se à admissão da Austrália, a 19 de Novembro, de que o seu exército matou 39 civis e prisioneiros afegãos entre 2005 e 2016 durante o seu destacamento para o Afeganistão.

O chefe do Exército australiano, Rick Burr, disse na sexta-feira que 13 soldados foram notificados da sua expulsão, sem detalhar se estão entre os acusados, depois de terem sido investigados os crimes de guerra cometidos pelos militares.

Hu Xijin, o editor do jornal estatal chinês Global Times, defendeu o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, também através do Twitter.

“É uma caricatura conhecida que condena a morte brutal de 39 civis afegãos pelas Forças Especiais australianas”, disse Hu.

“Por que é que Morrison está zangado com a utilização que o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros faz da caricatura? É ridículo e embaraçoso que ele exija um pedido de desculpas da China”, reagiu.

As relações diplomáticas entre Camberra e Pequim deterioraram-se significativamente devido a várias declarações de responsáveis políticos, tensões comerciais entre as duas nações e medidas políticas promovidas pela Austrália.

“Há certamente tensões entre a China e a Austrália, mas esta não é a forma de as enfrentar”, disse Morrison na sua mensagem.

A Austrália vetou as empresas chinesas Huawei e ZTE de concederem concessões para a sua rede de quinta geração (5G) em 2018 por razões de segurança, e exerceu pressão legislativa para evitar interferências políticas estrangeiras, sem se referir diretamente à China.

Na frente comercial, onde o gigante asiático é o principal parceiro comercial da Austrália, Pequim aumentou os direitos de importação sobre vários produtos australianos.

Os dois países também mantêm profundas diferenças ideológicas e discordam em questões como os direitos humanos ou a militarização e a livre navegação no disputado Mar do Sul da China.

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