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Avanços da Mercadona em Portugal não surpreendem

O anúncio de expansão da Mercadona em território nacional veio “agitar as águas”, abrindo a porta à reflexão sobre esta presença, mas também sobre o peso que assumem hoje as insígnias espanholas na distribuição portuguesa.
22 Setembro 2018, 18h00

Sobre a recém-anunciada estratégia de expansão da Mercadona em território nacional, Pedro Pimentel, diretor geral da Centromarca, atendendo a que foram sendo conhecidas sucessivas localizações, em muitos casos relacionadas com a aquisição de terrenos, considera que já há muito se haviam ultrapassado as quatro lojas anunciadas inicialmente.

Aliás, tão expectável quanto o aumento do valor de investimento, sobretudo “se considerados os restantes investimentos já concretizados ou anunciados (como a sede social, o centro de co-inovação em Matosinhos, a base logística em Laúndos, na Póvoa do Varzim, ou o programa de formação dos colaboradores já contratados)”, reforça o responsável em declarações ao Jornal Económico.

Segundo anunciou o Comité de Direção da empresa de supermercados Mercadona, com base no estabelecido para esta primeira fase de internacionalização, avançar com a abertura de oito a 10 lojas em Portugal no segundo semestre de 2019, dando ainda nota de que o número final será definido em função da evolução das licenças e o avanço das obras.

Apesar de as anunciadas 10 lojas passarem a integrar um setor que conta já com mais de três mil lojas, em seu entender, “é fácil compreender o receio que esta operação de entrada da Mercadona no mercado português está a gerar nos principais competidores”.

E a justificar este impacto aponta não só o sucesso do modelo de negócio implantado em Espanha (onde é destacado líder de mercado, com um êxito assente, substancialmente, na penetração das suas próprias marcas) mas também a “exemplar campanha comunicacional e de relações públicas” que acompanha esta entrada em Portugal e que dá “uma dimensão ao ‘fenómeno’ que ultrapassa claramente a dimensão efetiva da operação”, conclui.

Ainda no contexto da estratégia, a localização, que até agora privilegia exclusivamente o Norte do nosso país, está envolta em alguma expetativa na medida em que não se conhecem planos para futuras implementações noutras zonas do país.

Recorde-se que as lojas vão estar localizadas nos distritos do Porto, Braga e Aveiro, implicando que aos 25 milhões de euros de investimento inicialmente previstos para esta fase somam-se agora mais 75 milhões, alcançando um total de investimento de 100 milhões de euros para o arranque da expansão em Portugal.

Esta opção, na leitura de Pedro Pimentel, pode explicar-se com aspetos que se prendem com a eficiência logística, sendo que o grupo espanhol tem bases logísticas recentes no Norte de Espanha, as quais foram sendo construídas com o objetivo de dar resposta e acompanhar a própria estratégia de expansão da Mercadona no país vizinho.

Importa realçar que o Noroeste Peninsular e, muito especialmente a Galiza, foi a última área eleita no âmbito da expansão da cadeia.

Ainda que a Mercadona figure agora na lista, já extensa, de insígnias espanholas a operar no mercado nacional, como o grupo Dia, a Covirán, o El Corte Inglés e a galega Froiz, para Pedro Pimentel não há sinais de qualquer “ofensiva espanhola” e entre estas empresas há quem não tenha assim tanto sucesso, como é o caso, por exemplo  do grupo Dia. E noutros casos, acrescenta, estamos apenas diante de implementações naturais, que se justificam com a proximidade à fronteira portuguesa, sobretudo no que diz respeito às cadeias Froiz ou Covirán, defende este responsável.

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