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Bancários: aumentos salariais num impasse, bancos mantêm proposta de 0,7% e sindicatos insistem em 2,1%

A Federação Nacional do Sector Financeiros (Febase) critica bancos de protelarem negociações para aumentos salariais dos bancos. Instituições de crédito mantêm proposta de 0,7%, contra os 2,1%reclamados pelos sindicatos dos bancários, numa fasquia que começou nos 3% e que baixou com o objetivo de manter as negociações em aberto. Bancos encontram-se a avaliar proposta sindical.
25 Julho 2018, 07h25

Na revisão salarial do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), a Federação Nacional do Sector Financeiros (Febase) acusa as instituições de crédito de continuarem a protelar as negociações, depois da reunião

marcada para 17 de julho ter sido adiada pelo Grupo Negociador das IC (GNIC). Em cima da mesa está uma proposta dos bancos de 0,7% de aumentos salariais, contra  2,1% reivindicados pelos sindicatos dos bancários, cujo impacto financeiro está a ser avaliado pelo sector. Febase volta a alertar para possíveis formas de luta antes de nova reunião marcada para o final desta semana.

“Na revisão salarial do ACT, as instituições de crédito continuam a protelar as negociações e a esquivar-se de acordar com a Febase um aumento salarial digno para os bancários”, avança, em comunicado, a federação que agrega os sindicatos dos bancários ligados à UGT.

Em declarações ao Jornal Económico, Rui Riso, presidente do Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas (SBSI) revela que as instituições de crédito encontram-se a avaliar a proposta dos sindicatos de aumentos de 1,25% na tabela salarial, mais um aumento no subsídio de almoço e a contratualização de um subsídio de apoio à Natalidade. Ou seja, um total de 2,1% de aumentos salariais.

Em causa está uma avaliação dos custos para o sector, tendo em conta que os aumentos salariais dos trabalhadores no activo têm de ser reflectidos também nos reformados do sector bancário com o aumento das pensões. Segundo Rui Riso, está marcada nova reunião para esta sexta-feira, 27 de julho, e a expectativa é a de que “se aproximem mais da proposta da Febase, pois estão ainda muito longe”.

Segundo a Febase, a reunião marcada para dia 17 de julho foi adiada pelo GNIC, que evocou, para o efeito, estar ainda a contabilizar os impactos financeiros da proposta do Grupo Negociador Febase.

“Esta proposta vem no sentido de finalizar estas negociações e corresponde à vontade manifestada pela Febase desde o início de os aumentos cobrirem, no mínimo, a inflação prevista”, salienta esta estrutura sindical em comunicado, realçando que os bancários não podem continuar a perder poder de compra – mais de 7% nos últimos 10 anos. Uma realidade, diz a Febase, a que se juntam as reformas antecipadas, rescisões por mútuo acordo, despedimentos colectivos, reduções remuneratórias e fecho de balcões.

“Nesta sua postura, a Banca (e os seus representantes no GNIC) só olha para a folha de Excel, não percebendo que se saiu do vermelho deve-o àqueles que agora enjeita”, realça a Febase, criticando aquilo que designam por “expedientes dilatórios e de apagamento de uma realidade recente”.

A Febase volta a alertar para possíveis forma de luta, ao considerar que “os bancários, face a estas injustiças e desmandos, saberão dar cabal resposta a mais esta provocação a que estão a ser submetidos”.

 

Ameaça de greves e manifestações

No início de julho, a federação prometeu “não baixar os braços” e alertou para o facto de, no caso de a situação “não ser desbloqueada” na reunião de 17 de Julho, que os sindicatos vão avançar “com manifestações junto aos bancos e fazer uma greve nacional”.

A 5 de julho, a Febase admitiu avançar com greve nacional uma vez que a negociação para a actualização salarial dos bancários “está bloqueada”, e os trabalhadores “estão a ser empurrados para um beco sem saída”.

A federação explicou em comunicado que se assiste a “um impasse” na negociação colectiva com o grupo negociador dos bancos pelo que “não resta senão” avançar com acções de luta, nomeadamente “manifestações em frente aos bancos e uma greve nacional”.

A Febase lamentou, na altura, o “clima de intransigência” que está a caracterizar as negociações e adverte para o “silêncio ensurdecedor” por parte dos administradores bancários que “em nada dignifica” o sector e que constitui “uma forte ameaça à paz social que até agora tem imperado”. E alertou que a “ausência de uma proposta” que permita desbloquear as negociações, facto que “empurra a classe dos bancários para um beco sem saída”.  A Febase entende que as instituições de crédito “estão apostadas em protelar” as negociações, “pensando que vencem os bancários pelo cansaço”.

Em 8 de junho, os bancos voltaram a subir a sua proposta de aumentos salariais para 0,75%, valor que os sindicatos ligados à UGT consideram miserabilista e que os levou a apresentar uma contraproposta mais baixa, de 2,1%, para manter negociações.

A Febase, num comunicado então disponibilizado na sua página oficial do Sindicato dos Bancários do Norte, explicava que o grupo negociador das instituições de crédito tinha apresentado uma nova proposta de revisão salarial, acrescentando 0,1% ao valor anterior.

Referia ainda que, na sessão anterior de negociações, “ambas as partes alteraram as suas propostas: os bancos subiram a sua proposta para 0,6% e o grupo negociador contrapropôs 2,25% (a sua proposta inicial era de 3%)”.

Esta federação realçou que “salvo alguma excepção, todos os bancos regressaram aos lucros e a massa salarial não aumentou”, considerando que o reforço para os fundos de pensões “não é argumento”, já que estes fundos “também geram mais-valias”.

“Face a aquele pretenso avanço, o Grupo Negociador da Febase adiantou o valor de 2,1%, no intuito de manter as negociações em aberto”, afirmaram os representantes, considerando que “um possível entendimento ainda estava longe”.

Os aumentos que estão a ser negociados entre sindicatos bancários e grupo negociador dos bancos serão válidos para a tabela salarial, pensões de reforma e sobrevivência e cláusulas de expressão pecuniária.

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