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Bancos propõem aumentos salariais de 0,7%. Sindicatos recusam “migalhas”

“Migalhas, só migalhas”. É desta forma que a Federação Nacional do Sector Financeiros avalia a proposta dos bancos para aumentos salariais que começou em 0,4% e evoluiu para 0,7%. Em contrapartida, sindicatos arrancaram negociações a reclamar 3% e dizem que reviram para 2,21% para manter ronda negocial.
11 Junho 2018, 07h50

A Federação Nacional do Sector Financeiros (Febase) considera “migalhas” proposta de aumentos salariais dos bancos agora fixada em 0,7%, contra os 3% reclamados pelos sindicatos dos bancários no arranque negocial, em março. O patamar que está agora em 2,1%, com o objetivo de manter as negociações em aberto.

O governo e o Banco de Portugal estimam que a inflação inflação desacelere 0,4 pontos percentuais, no próximo ano, face a 2017, para 1,4%. O crescimento nominal estimado do produto interno bruto (PIB) em 2018 é de 3,6%.

“O Grupo Negociador das Instituições de Crédito apresentou uma nova proposta de revisão salarial: acrescentou 0,1% ao valor anterior. Ou seja, defende um aumento de 0,7%. A Febase recusou. Haja bom senso!”, avança a Febase, que integra os três sindicatos verticais dos bancários (Norte, Centro e Sul e Ilhas) e considera, em comunicado, que a revisão salarial do Acordo Coletivo de Trabalho é sinónimo de “migalhas”.

Os representantes da Febase e o Grupo Negociador das Instituições de Crédito subscritoras do ACT do setor bancário (GNIC) reuniram-se dia 5 de junho, em mais uma ronda negocial de revisão das tabelas e cláusulas de expressão pecuniária.

Recorde-se que na anterior sessão de negociações, a 22 de maio, ambas as partes alteraram as suas propostas: à subida para 0,6% do GNIC, o Grupo Negociador da Febase contrapropôs 2,25%.

Segundo a Febase, os representantes das Instituições de Crédito (IC) ficaram de reformular a sua última proposta – e foi assim que apresentaram um avanço de 0,1 pontos percentuais, para 0,7%.

Para os responsáveis desta Federação, a contraproposta do GNIC “é miserabilista e própria de alguém que não procura entendimentos”. Reforça aqui que, salvo alguma exceção, todos os bancos regressaram aos lucros, a massa salarial não aumentou e, acrescenta a Febase, ”o espectro dos reforços para os Fundos de Pensões não é argumento, pois os Fundos também geram mais-valias”.

“Face a este pretenso avanço, o Grupo Negociador da Febase adiantou o valor de 2,1%, no intuito de manter as negociações em aberto”, conclui, dando conta que um possível entendimento “ainda está longe, pois as IC estão a protelar as negociações”.

A Febase apela para que prevaleça “o bom senso por parte dos negociadores, nomeadamente dos do GNIC”, avançando que a nova reunião ficou marcada para o próximo dia 22 de junho.

As negociações de aumentos salariais para este ano arrancaram em março deste ano, tendo os sindicatos dos bancários avançado com uma proposta inicial de 3% e instituições de crédito responderam com 0,4%. A Febase considerou valor desde logo “inaceitável”.

A proposta da Federação é baseada na inflação e nos ganhos da economia, de que, segundo a Febase, “as instituições de crédito também são beneficiárias, como se comprova nos sinais de grande recuperação que têm vindo a dar, percetível nos resultados apresentados”.

A proposta sindical teve ainda em consideração que na última década apenas houve na banca aumentos salariais nos últimos dois anos em algumas instituições – de 0,75% em 2016 e 0,75% em 2017, valores que, segundo os sindicatos, não cobrem a inflação registada. A Febase defende também que o setor já deu sinais de que pode acolher novo aumento salarial. Recorda aqui a melhoria dos resultados dos bancos, após vários anos de profunda crise económica e de políticas de austeridade com impactos “muito adversos” nos rendimentos dos trabalhadores e na perda de empregos.

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