O administrador do banco Carregosa, Mário Carvalho Fernandes, recomendou a continuação de uma gestão “prudente e diversificada” dos portfólios depois de um mercado que passou nos últimos seis meses por “fases extremas” de otimismo e pessimismo. O alerta é dado no outlook de outono da instituição divulgado esta quinta-feira.
“Por agora, apesar da reviravolta do mercado que passou nos últimos seis meses por fases extremas de otimismo e de pessimismo, recomendamos continuar a seguir a gestão prudente e diversificada, com alocações próximas dos pontos centrais nas várias subclasses de ativos, como liquidez, obrigações, ações e ativos reais, como imobiliário, infraestruturas e ouro”, referiu Mário Carvalho Fernandes.
O administrador da instituição bancária destaca no outlook de outono os máximos que estão a ser atingidos pelos principais índices bolsistas é sustentado em fatores como a performance dos setores tecnológicos e também pela narrativa referente à inteligência artificial.
“Esta valorização levanta dúvidas legítimas: estará o mercado caro? Embora os múltiplos de valorização estejam elevados, a liquidez abundante, a expectativa de crescimento de resultados das empresas e as descidas das taxas de juro sustentam os preços dos ativos”, considera o administrador do Banco Carregosa.
Mário Carvalho Fernandes salienta ainda que a política monetária e fiscal dos últimos anos tem sido marcada por
“estímulos agressivos”, acrescentando que “errar pelo lado do excesso pode ter sido preferível” à deflação e ao risco de mais uma década perdida, mas alerta que os efeitos colaterais, valorizações excessivas e distorções nos mercados, “podem estar agora a emergir”.
Para Mário Carvalho Fernandes o “abrandamento suave” da economia norte-americana que promete ligar dois ciclos de crescimento económico sem a habitual recessão intercalar, “permite vislumbrar um período anormalmente longo” de expansão económica que tem entusiasmado os investidores.
“Apesar dos riscos latentes, as atenções estão mais focadas nas oportunidades. Ainda assim, importa ter presente que a economia ocidental apresenta sinais de estagflação moderada: crescimento anémico com inflação persistente. A descida das taxas de juro poderá ser limitada pela rigidez dos preços. A dívida pública continua a crescer, com níveis preocupantes em algumas economias desenvolvidas”, salienta Mário Carvalho Fernandes.
E não faltou referência à possibilidade de existência de uma bolha nos mercados financeiros. Sobre o assunto o administrador do Banco Carregosa considera que apesar da possibilidade de estarmos numa bolha ser cada vez mais debatida este tipo de situações “são mais facilmente identificadas” à posteriori.
Contudo Mário Carvalho Fernandes considerou que se está a verificar “pelo menos alguns dos ingredientes que tendem a gerar excessos”. O administrador do Banco Carregosa descreve que as etapas finais destes movimentos são “tendencialmente rentáveis” para os investidores que navegam a onda, mas que “conseguem sair” antes do precipício.
“Esse equilíbrio é desafiante e acarreta riscos elevados pelo que os investidores devem definir uma estratégia para lidar com esse futuro incerto. Mais do que procurar prever o futuro, importa preparar-se para ele”, afirma o administrador da instituição bancária.
Na visão de Mário Carvalho Fernandes num ambiente de elevada incerteza, “torna-se essencial” distinguir entre empresas que geram lucros reais e sustentáveis e aquelas que dependem de promessas de crescimento futuro.
“A seletividade será chave para preservar capital”, defende o administrador do Banco Carregosa.
“Os ciclos de investimento baseados em otimismo exacerbado, uma verdadeira ‘corrida ao ouro’, tendem a beneficiar indubitavelmente os vendedores dos equipamentos e apenas alguns (poucos) dos exploradores aventureiros”, adianta Mário Carvalho Fernandes.
No seu entender os primeiros vencedores deverão ser “as empresas prestadoras dos serviços e bens cuja procura já aumentou significativamente” como por exemplo os produtores de chips, as redes elétricas, os data centers (centros de dados), os produtores de cobre. “As empresas que adquirem estes consumos intermédios, tendo em vista um futuro entusiasmante, poderão ou não conseguir rentabilizar esses investimentos”, refere o administrador do Banco Carregosa.
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