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Banco de Portugal diz que conjuntura favorável deve ser aproveitada para reduzir dívida do Estado e dos privados

O endividamento da administração pública, das famílias e das empresas não-financeiras portuguesas permanece elevado, apesar dos esforços levados a cabo nos últimos anos, refere o supervisor.
6 Junho 2018, 13h04

O endividamento da administração pública, das famílias e das empresas não-financeiras portuguesas permanece elevado, apesar dos esforços levados a cabo nos últimos anos, refere o Banco de Portugal (BdP) no Relatório de Estabilidade Financeira, hoje divulgado. Este facto, conjugado com um baixo crescimento potencial, é uma das vulnerabilidades relevantes para a estabilidade financeira de Portugal. O supervisor considera que a atual conjuntura favorável deve ser aproveitada para continuar a reduzir a dívida e consolidar as finanças públicas.

“Dado o baixo crescimento potencial da economia portuguesa, o atual contexto macroeconómico e financeiro deve ser visto como uma oportunidade para prosseguir o processo de desalavancagem da economia e de consolidação das finanças públicas em termos estruturais, de modo a garantir a sustentabilidade da dívida”, refere o BdP, acrescentando que considera que a recuperação da economia e as baixas taxas de juro permitem mitigar os riscos associados ao elevado endividamento, pelo menos no curto prazo.

“Apesar do ajustamento muito significativo realizado nos últimos anos pelo setor privado, a economia portuguesa carateriza-se ainda por elevados níveis de endividamento, tornando os agentes residentes, com destaque para o setor público, vulneráveis a choques adversos sobre o rendimento e os custos de financiamento”, realça o BdP.

“Os rácios de endividamento das empresas e das famílias mantêm-se entre os mais elevados da área do euro, num contexto de baixo crescimento potencial, pelo que um agravamento dos custos de financiamento, ainda que gradual e associado a uma recuperação do rendimento, poderá ter efeitos na capacidade de servir a dívida. No caso dos particulares, tem-se assistido ainda a um forte crescimento do crédito ao consumo e das novas operações de crédito à habitação, evidenciando uma menor restritividade nos critérios de concessão de crédito”, salienta.

Em 2017, a dívida total dos particulares portugueses aumentou ligeiramente, interrompendo a tendência de descida que se verificava desde 2011, o ano em que Portugal teve de recorrer a um resgate da troika. Ao mesmo tempo, a taxa de poupança permanece abaixo da média da zona euro e “próxima do mínimo histórico”, salienta o BdP. No entanto, devido ao aumento do rendimento disponível, o rácio de endividamento diminuiu.

Nas empresas não-financeiras, a tendência é semelhante, com a dívida total dessas entidades a aumentar ligeiramente no ano passado, interrompendo a tendência de amortização líquida que se fazia sentir desde 2014. No entanto, o rácio de endividamento desceu, refletindo o aumento do Produto Interno Bruto (PIB) nominal, explicou o supervisor. Pela positiva, a autonomia financeira das empresas portuguesas atingiu o valor mais elevado dos últimos anos, com o valor médio do rácio do capital próprio sobre o ativo a aumentar para um valor na ordem dos 55%, na maior parte dos casos graças à incorporação dos resultados das empresas e não devido a injeções de capital, referiu o BdP.

 

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