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Banco de Portugal lucra 535 milhões e distribui 671 milhões ao Estado (com áudio)

O resultado líquido apurado “possibilitou a distribuição de dividendos ao Estado no valor de 428 milhões de euros”. Mas, considerando o imposto sobre o rendimento corrente, foram entregues ao Estado 671 milhões de euros.
  • Cristina Bernardo
13 Maio 2021, 11h24

O Banco de Portugal publicou  hoje o Relatório do Conselho de Administração – Atividade e Contas relativo a 2020. O resultado líquido em 2020 foi de 535 milhões de euros, 31 milhões de euros superior ao resultado do ano anterior.

O resultado líquido apurado “possibilitou a distribuição de dividendos ao Estado no valor de 428 milhões de euros”. Mas, considerando o imposto sobre o rendimento corrente, foram entregues ao Estado 671 milhões de euros.

Para o resultado líquido contribuíram a margem de juros, no montante de 802 milhões de euros, cuja principal componente são os juros dos títulos detidos para fins de política monetária, no valor de 882 milhões, explica o supervisor. “Foram reconhecidos juros a pagar das operações de refinanciamento às instituições de crédito no montante de 202 milhões de euros”, diz o BdP.

Já os resultados realizados em operações financeiras e prejuízos não realizados, no montante de -21 milhões de euros, associados à desvalorização do dólar norte-americano ocorrida nos últimos meses do ano, tiveram um impacto negativo.

Nas contas de 2020 o BdP salienta que os gastos de funcionamento totalizaram 196 milhões de euros, menos 9 milhões de euros do que em 2019. Os gastos com pessoal diminuíram 5%, refletindo sobretudo o decréscimo de gastos de reformas antecipadas. Os fornecimentos e serviços de terceiros também diminuíram 5%.

No final de 2020, o balanço do Banco de Portugal totalizava 192 mil milhões de euros, um valor superior em 33 mil milhões de euros ao registado no final de 2019. “Este aumento do balanço decorreu, essencialmente, das medidas adotadas para mitigar os efeitos da pandemia de Covid-19 sobre a economia”, reporta a instituição liderada por Mário Centeno.

Na evolução do balanço destacam-se, do lado do ativo, a aumento dos ativos de política monetária em 30 mil milhões, refletindo por um lado o crescimento da carteira de títulos detidos para fins de política monetária de 15,6 mil milhões de euros, resultado das aquisições de títulos do novo programa de compras de emergência pandémica (PEPP) e, em menor volume, de títulos do programa de compra de ativos (APP), e por outro um aumento de 14,8 mil milhões de euros das operações de refinanciamento.  Mas também o aumento do ouro e ativos de gestão, sobretudo relacionado com o aumento do preço do ouro em 14%.

A evolução do lado do passivo traduz-se no aumento dos depósitos das instituições de crédito junto do Banco de Portugal, em 12,4 mil milhões de euros, que é consequência da significativa injeção de liquidez resultante das medidas de política monetária. Mas também no crescimento significativo das notas em circulação, 11% no total do Eurosistema, em resultado do aumento da incerteza na Europa no início da pandemia.

Mário Centeno escreve pela primeira vez no relatório e contas do Banco de Portugal. Na sua mensagem destaque para o facto de defender que “o ano de 2021 será decisivo nos planos internacional, nacional e interno”.

“A Europa deve dar sequência às importantes decisões de integração tomadas em 2020. O papel da política monetária não vai voltar a ser o mesmo, desde a coordenação com as políticas orçamentais à preocupação com a sustentabilidade económica e ambiental”, refere o Governador do Banco de Portugal.

Mário Centeno diz que Portugal deve estar preparado para, “logo que possível, retomar a atividade com a mesma dinâmica que vivenciou no período anterior à pandemia. Mantendo os mesmos objetivos exigentes de convergência social, económica e financeira com a União Europeia e liderando a Europa no crescimento e nas condições financeiras”.

“O Banco de Portugal fará parte desse processo, na certeza de que uma organização inovadora e que rejuvenesce todos os anos deve estar preparada para estes desafios”, diz Centeno.

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