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Bancos britânicos congelam dividendos de nove mil milhões de euros

Banco de Inglaterra disse esperar que os bancos veria com bons olhos a não distribuição de dividendos e pediu que não fossem pagos bónus aos altos executivos. O supervisor britânico alertou ainda que estaria pronto para usar os poderes de supervisão se os bancos não acatassem estas duas recomendações.
  • Alessia Pierdomenico/Reuters
1 Abril 2020, 10h30

Os maiores bancos britânicos vão suspender a distribuição de dividendos relativos ao exercício de 2019 depois de uma recomendação da autoridade prudencial do Banco de Inglaterra, o supervisor da banca no Reino Unido.

Segundo o “Financial Times”, numa série de comunicados divulgados na terça-feira, o Barclays, o HSBC, o Lloyds, o Royal Bank of Scotland, o Standard Chartered e a operação britânica do Santander decidiram suspender a distribuição de dividendos que, em conjunto, superava as oito mil milhões de libras (mais de nove mil milhões de euros à taxa de câmbio atual).

Em comunicado, divulgado na terça-feira à noite, o Banco de Inglaterra disse esperar que os bancos veria com bons olhos a não distribuição de dividendos e pediu que não fossem pagos bónus aos altos executivos. O supervisor britânico alertou ainda que estaria pronto para usar os poderes de supervisão se os bancos não acatassem estas duas recomendações.

A postura do Banco de Inglaterra surge depois de o Banco Central Europeu (BCE) ter feito uma recomendação idêntica aos bancos que supervisiona diretamente na zona euro. Na semana passada, a instituição liderada por Christine Lagarde recomendou que os bancos europeus não distribuíssem dividendos, pelo menos, até outubro de 2020.

Andrea Enri, presidente do board de supervisão do BCE pediu “moderação extrema” aos bancos na altura de pagar bónus aos altos quadros executivos.

Em Portugal, o Millennium bcp foi o primeiro banco a anunciar o congelamento da remuneração acionista prevista. O banco liderado por Miguel Maya anunciou ao mercado, na semana passada, que devido ao contexto de incerteza que se está a verificar por causa da pandemia da Covid-19, vai propor aos acionistas, na assembleia-geral de 20 de maio, não pagar dividendos dos lucros de 2019.

A Caixa Geral de Depósitos, liderada por Paulo Macedo, também deu seguimento à orientação do BCE e vai propor, em assembleia-geral, que ainda não está marcada, a não distribuição de dividendos.

Já o BPI, liderado por Pablo Forero e detido a 100% pelo banco espanhol CaixaBank, mantém o objetivo de pagar 117 milhões de euros.

A crise pandémica do novo coronavírus está a ter impacto na distribuição de dividendos em diversas áreas de atividade económica. Segunda a Reuters, citando declarações de um analista do Barclays, os dividendos distribuídos pelas empresas europeias cotadas no índice EuroStoxx 600 vão cair cerca de 40%.

Numa nota de research à qual aquela publicação teve acesso, o analista do Barclays estima que o resultado por ação destas cotadas contraía cerca de 40% devido à crise causada pela Covid-19, que deverá ser “tão severa quanto a recessão de 2008 e 2009”.

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