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Bankinter sem interesse em crescer através de aquisições em Portugal

“A nossa ideia é crescer de forma orgânica e com a quota de mercado que temos há muito que demonstrar para nos tornarmos num jogador relevante na banca portuguesa”, disse a presidente executiva do Bankinter, María Dolores Dancausa.
23 Julho 2020, 11h22

O banco espanhol Bankinter pretende continuar a crescer de forma rentável em Portugal mas, para já, descarta fazê-lo de forma inorgânica.

A garantia foi dada pela CEO do Bankinter, María Dolores Dancausa, durante a conferência de imprensa realizada por meios telemáticos, esta quinta-feira, que se seguiu à apresentação dos resultados do primeiro semestre de 2020.

“Sobre a estratégia para Portugal, segue a mesma tónica que temos estabelecida para Espanha. Pensamos que temos um enorme potencial de crescimento em Portugal, tal como comprova a conta resultados, que foi muito positiva. A nossa ideia é crescer de forma orgânica e com a quota de mercado que temos há muito que demonstrar para nos tornarmos num jogador relevante na banca portuguesa”, referiu a presidente executiva.

“Continuamos concentrados no crescimento orgânico e nos nossos projetos. Não temos planeada nenhuma fusão. Não nos queremos fundir com ninguém e não queremos que ninguém nos compre nada”, reforçou a presidente do Bankinter.

Em fevereiro deste ano, o country manager do Bankinter Portugal, Alberto Ramos, admitiu também que o banco espanhol poderia vir a estudar a compra do Novo Banco se se e quando este for colocado no mercado.

O Grupo Bankinter apresentou um lucro líquido de 109,1 milhões de euros no primeiro trimestre, o que representa uma diminuição homóloga de cerca de 65%. A evolução do resultado foi afetada pelo reforço das provisões de 177 milhões de euros relacionadas com a crise da Covid-19 realizadas entre abril e junho, às quais se somam as provisões de 15 milhões de euros realizadas no primeiro trimestre do ano.

Em Portugal, atividade do Bankinter gerou no semestre um resultado antes de impostos de 17 milhões de euros, o que representa uma queda homóloga de 50%, devido às  provisões realizadas de 25 milhões de euros para prevenir o cenário macroeconómico, quer à libertação de provisões efetuadas no exercício passado e nos anteriores.

Ainda assim , a avaliação de María Dolores Dancausa sobre a atividade em Portugal é “muito positiva”.

“Creio que o Bankinter Portugal tem tido um desempenho extraordinário, está a crescer em todas as linhas de receitas. Está a crescer nas margens dos juros, nas comissões e está a ganhar quota de mercado. Creio que temos um futuro brilhante. Sempre disse que Portugal é para o Bankinter uma aposta de longo-prazo. A nossa intenção é continuar a crescer de forma rentável, que é o que temos feito”, adiantou.

No mercado português, o Bankinter deu moratórias ao crédito no valor de mil milhões de euros, representando cerca de 15% da totalidade da carteira de crédito do Bankinter Portugal.

“As moratórias concedidas em Portugal totalizam os mil milhões de euros, 571 milhões correspondem a moratórias sobre hipotecas, 430 milhões de euros no crédito às empresas e cerca de 40 milhões de euros no crédito ao consumo”, disse Jacobo Diaz, CFO do Grupo Bankinter.

Bankinter não deverá reforçar provisões por causa da pandemia

Jacobo Diaz, não antecipa a necessidade de reforçar mais as provisões por causa dos impactos da Covid-19 que, em termos consolidados, somaram 192,5 milhões de euros.

“Acreditamos que as provisões extraordinárias realizadas este trimestre de 177 milhões de euros sejam mais do que suficientes para cobrir o período que enfrentamos. Tivemos por base as projeções macroeconómicas que os Banco de Espanha publicou para os anos 2020, 2021 e 2022, que estima contração de 11,6%, uma recuperação de 9,1% em 2021 e de 2,2% em 2022. Por isso, creio que as provisões são, neste momento, mais do que suficientes”, disse o CFO do Bankinter.

Questionada sobre a política de dividendos, a CEO do Bankinter disse que o banco gostaria de remunerar os acionistas, mas que a decisão será tomada depois da análise do impacto da Covid-19 e das recomendações dos supervisores.

“Quanto à política de dividendos, o Bankinter decidiu não distribuir dividendos por conta dos resultados do primeiro semestre do ano. A partir de outubro, vamos analisar a evolução dos acontecimentos e também as recomendações que os nossos supervisores façam. O banco decidirá depois a política de dividendos para a segunda metade do ano. Cremos que devíamos distribuir dividendos porque há muitas pessoas que investem em banca”, disse María Dolores Dancausa.

Nota de esclarecimento: apesar de a presidente do Bankinter ter referido que a estratégia do banco passava por crescer “de forma inorgânica”, o banco esclareceu posteriormente que pretende crescer de forma orgânica.  O título e o conteúdo da peça foram alterados nesse sentido.

 

https://jornaleconomico.pt/noticias/ceo-do-bankinter-portugal-admite-crescer-por-aquisicoes-e-nao-rejeita-estudar-o-novo-banco-546441

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