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Banque de Dakar vai lucrar 4 milhões este ano

Foi criado de raiz na capital do Senegal em junho de 2015 e cumpriu objetivo de resultados.
7 Abril 2017, 15h41

O banco BDK tem actualmente três acionistas: o Grupo BDK, a Coris Holding (Burkina Faso) e o Groupe Prestige do Senegal. É uma premissa dos investimentos do grupo BDK atingirem o ‘break-even’ operacional ao fim de um ano e isso foi o que aconteceu com o Banque de Dakar.

Filipe Ribeiro Ferreira, administrador do grupo, que pertence maioritariamente a uma holding do empresário espanhol Alberto Cortina e que tem como presidente Alfredo Saénz (ex-vice presidente do banco Santander), explica a escolha da região da União Económica e Monetária da África Ocidental (UEMOA).

“É uma região com um Produto Interno Bruto (PIB) de 91 mil milhões de dólares de PIB [dados de 2013], 80 milhões de habitantes e estabilidade cambial e legislação estável”. A Nigéria surge em segundo lugar nos países de África com maior PIB (343 mil milhões de dólares), quase tanto como a África do Sul (361 mil milhões de dólares), segundo os dados de 2013. A UEMOA supera assim Angola, que nessa altura ainda não tinha passado pela crise do petróleo e que valia, em termos de PIB, 148 mil milhões de dólares. A expectativa é que a região da UEMOA até 2020 seja a zona com maior crescimento do continente africano.

Como consegue o grupo obter as autorizações necessárias para poder abrir operações bancárias naqueles países? “Nesta altura, não é preciso chegar ao poder político para se conseguir as autorizações. Graças a Deus, nestas regiões os bancos centrais são completamente autónomos, não são politizados. As relações com o poder são importantes apenas por questões institucionais, mas nós temos o melhor embaixador que poderíamos ter, que é o Bernard Kouchner [administrador do grupo] que para além de ter sido membro de vários governos franceses, foi o criador dos Médicos sem Fronteiras”, diz Vasco Duarte Silva.

A gestão dos bancos é feita pelos ‘boards’, que são compostos por membros do grupo em Portugal e por gestores locais. Vasco Duarte Silva e Filipe Ribeiro Ferreira estão praticamente em todasas administrações dos bancos, mas como não-executivos, passando metade do tempo em viagem para reuniões dos conselhos de administração.

Luís Sousa, que está à frente do projecto Kash Kash, que arrancará no fim de junho na Costa do Marfim para mais tarde se expandir para outros países, passou pelo Citibank e pelo Santander, tal como Vasco Duarte Silva. Senegal, Costa do Marfim, Mali, Guiné Conacry, Benin e Burkina Faso. Não são projectos demais? “Sim, mas temos o compromisso de montar a entidade financeira mais importante da UEMOA em cinco anos e não temos outra forma senão de crescer a este ritmo”, diz Vasco Duarte Silva.

As equipas de desenvolvimento, gestão e controlo são 100% portuguesas. Mas as equipes de gestão são 100% locais. No Banco de Dakar só existe uma pessoa que não é senegalesa (é francesa) e que já vivia no Senegal. Ou seja, não existe o conceito de “expatriados”.
Os bancos Credit Kash têm como balcões contentores em módulos desmontáveis e angulares, o que faz com que o investimento em Capex seja mais baixo do que seria de esperar (entre dois a três milhões de euros). Mas o investimento na sede do BDK, em Dakar, foi de 15 milhões de euros, explica Filipe Ribeiro Ferreira.

A vantagem para a economia portuguesa é que os fornecedores de toda a constituição dos bancos são portugueses, revelam os gestores. À excepção de uma empresa de tecnologias de informação que o grupo adquiriu no Senegal para desenvolver o software do Kash, Kash.
Ao nível de aquisições, o grupo “poderá ver em áreas específicas a possibilidade de comprar alguma entidade que possa ser complementar à estrutura existente (tanto sinergias positivas) de criação de negócio como de redução de custos”, explicam os gestores.

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