Vítor Bento, Chairman da SIBS, foi o moderador do painel “A Transformação Digital na Banca Portuguesa: Uma visão de topo”, em que participaram os presidentes da CGD, do BCP, do Novo Banco, do Santander Totta e do BPI.
No seu resumo final do debate, sobre a importância do digital para a banca, e da forma como está a ser adoptado pela banca, disse que “a principal conclusão que se retirou é que para a banca o cliente é o principal, porque é o centro da criação de valor. Todos têm a obsessão com o cliente”, referiu Vítor Bento.
“Por outro lado também é verdade que o digital vai obrigar a alterações profundas. Ao nível da estrutura interna, com a entrada de novas tecnologias e novos canais. O digital vai implicar transformações nos próprios processos internos com a adopção das tecnologias digitais e os bancos vão ter de adaptar os skills do capital humano. Mas por outro lado o digital vai aumentar a flexibilização da oferta, no sentido de permitir fazer o fato à medida do cliente”, disse o presidente da SIBS.
O presidente da SIBS disse ainda que “o resultado vai ser premiado não só do lado da oferta, mas também do lado da procura, pois o comportamento do cliente vai influenciar a forma de procura”.
Outra conclusão do debate é que “as estratégias devem ser intrusivas” e que independentemente de toda a robotização e automatização, o ‘human touch’ continua a ser fundamental na atividade bancária”, disse Vítor Bento.
Em termos de ameaças ou oportunidades, “haverá perdas de partes do negócio”, mas os novos players serão também oportunidades no âmbito do desenvolvimento de parcerias e para internalizar a sua própria inovação.
“Os bancos têm um activo fundamental que é a confiança, e aí são claramente competitivos”, disse o presidente da SIBS, e foi em 2014 presidente do BES/Novo Banco.
Vítor Bento deixou um apelo às autoridades: “É fundamental haver um level playing field do ponto de vista regulatório”, e pediu que a transposição das diretivas europeias não compliquem mais do que aquilo que já é necessário”. Outro apelo deixado à autoridades é que “eliminem as discriminações que são desfavoráveis a Portugal”, pois o mercado é europeu. As condições de atuação devem ser uniformes, defendeu.
No debate o presidente da Caixa Geral de Depósitos anuncioi que o banco público está a trabalhar numa caderneta digital para não deixar ninguém para trás no processo de digitalização.
Disse que a meta é a CGD ter dois milhões de clientes a utilizar a internet banking, mas é preciso “ter a certeza que não deixamos para trás uma parte significativa dos clientes”, referindo-se aos clientes menos ‘internetizados’. Um décimo dos clientes do banco público ainda tem caderneta.
Paulo Macedo admitiu que a banca tradicional está muito atrasada, em relação às fintech, no que se refere ao tratamento de dados dos clientes. “Estamos bastante mais atrasados do que as fintech, estamos cautelosos, ainda não utilizamos os processos de inteligência artificial para saber tudo o que o cliente faz”, disse.
“Queremos ter uma oferta que seja muito mais digital nos diversos produtos e serviços, o que hoje ainda não conseguimos ter da mesma maneira que no canal físico”, referiu o banqueiro.
António Ramalho, do Novo Banco, disse que “o digital ainda é um mundo relativamente desconhecido”. Mas falou de quatro áreas. A flexibilidade da oferta, que vai “reorientar o modelo de negócios para uma nova estrutura”, em que o cliente está no centro de tudo. A democratização enorme do ponto de vista do acesso à tecnologia por parte dos clientes. A digitalização não é só para a procura, é substancialmente uma mudança de comportamento dos clientes. Depois disse que “a banca universal morreu e a banca digital ainda não nasceu”
Por fim falou da internacionalização e globalização do modelo de negócio bancário, com a chegada do digital.
Ramalho disse ainda que no Novo Banco 40% dos clientes digitais já só usa mobile banking, e isso obriga a uma “reflexão”.
Nuno Amado respondeu a António Ramalho, dizendo que a banca universal não morreu. “A banca universal está a evoluir para o digital, está a haver uma adaptação da espécie ao novo enquadramento”, disse.
O presidente do BCP disse que “a banca vai ter novos competidores e que vai ter dificuldades em algumas áreas. Os bancos vão perder uma parte do mercado, na área dos serviços de pagamentos. Mas vamos reagir de firma muito clara através de melhores processos e melhores sistemas de pagamento”, respondeu. “Espero que uma parte destes clientes que vamos perder possamos recuperar com os nossos parceiros e com um quadro regulatório adequado”, acrescentou
(Atualizada)
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