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BCE inicia ronda de eleições à medida que a era Draghi se aproxima do fim

O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, deve deixar o cargo no final de 2019, mas até lá outros quatro altos cargos do regulador europeu irão a votos para eleger novos representantes. Quem se sucederá?
  • Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu
3 Janeiro 2018, 13h12

Cinco dos sete principais cargos do Banco Central Europeu (BCE) vão a eleições nos próximos dois anos, o que pode levar a novas mudanças na política monetária da zona euro. O equilíbrio de poder entre os Estados-membros será um elemento decisivo no processo de seleção, que se inicia com a nomeação de um novo rosto para a vice-presidência da instituição.

“Um grande jogo de cadeiras vai desenrolar-se nos próximos dois anos em muitas das posições de alto nível na instituição bancária da União Europeia”, afirma Carsten Brzeski, economista-chefe do banco ING-Diba AG em Frankfurt, em declarações à agência ‘Bloomberg’. “O que surgirá no final deste processo terá consequências significativas na forma como o BCE  vai gerir a política monetária”, acrescenta.

A Espanha foi o primeiro país a apresentar um candidato ao conselho do BCE, depois de ter estado mais de cinco anos ausente da Comissão Executiva do organismo que determina a política monetária a ser seguida pelos países da moeda única. O atual ministro da Economia de Espanha, Luis Guindos, é ao que tudo indica o candidato escolhido pelo Governo espanhol para a corrida a número dois do BCE, cujo lugar é atualmente ocupado pelo português Vítor Constâncio.

No entanto, a ‘Bloomberg’ avança que a escolha do ministro espanhol – que foi anteriormente presidente executivo das operações da Lehman Brothers na Península Ibérica, até o colapso do banco norte-americano, em 2008 – pode vir a enfrentar a oposição de alguns legisladores europeus que querem uma lista que inclua pelo menos três nomes de mulheres.

Além disso, os legisladores estão também preocupados com a questão da independência do regulador europeu. Fontes do BCE levantam questões em relação a uma eventual liderança de Luis Guindos, que ocupa um lugar de destaque no Governo espanhol e que pode não ser totalmente imparcial na hora de tomar decisões que penalizem o seu país. Em quase 20 anos de história da instituição, nunca nenhum ministro das Finanças europeu deixou o cargo para ir para o BCE, pelo que Luis Guindos romperia com a tradição.

O ambicionado lugar de Draghi

Contudo, a seleção do novo vice-presidente do BCE – que deve estar concluída até maio – é apenas a primeira jogada neste jogo de xadrez. Entre os membros da Comissão Executiva do BCE estão também de saída o alemão Peter Praet e os franceses Benoît Cœuré e Danièle Nouy. Além disso, em outubro de 2019, o italiano Mario Draghi, que preside o BCE, deve deixar o cargo.

Na corrida à liderança do BCE está a Alemanha, que apesar de alojar a sede da instituição, nunca ocupou o seu lugar cimeiro. O alemão Jens Weidmann, presidente do Deutsche Bundesbank, em Frankfurt, é amplamente considerado como candidato ao cargo, indica a ‘Bloomberg’.

No entanto, os analistas consideram que estes próximos dois anos serão um período-chave para os chamados “países do sul” (Portugal, Espanha, Grécia e Itália), conhecidos por serem economicamente mais vulneráveis e terem uma maior tendência ao endividamento, reivindicarem um lugar na Comissão Executiva do BCE.

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