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BCE: mercado focado na credibilidade de cada país, apesar dos estímulos

Economista-chefe do BCE e responsável pelo desenho das propostas de política monetária, Peter Praet, lembrou ainda que o fim definitivo do programa de compra de ativos ainda está longe.
2 Outubro 2017, 15h41

Os estímulos monetários e a presença do Banco Central Europeu (BCE) como “grande investidor” não impediram os mercados de avaliarem os ativos financeiros. Segundo o economista-chefe do BCE e responsável pelo desenho das propostas de política monetária, Peter Praet, a experiência dos últimos meses tem demonstrado que o mercado continua a ser guiado pela avaliação dos investidores às condições soberanas.

“Este processo [de política monetária não convencional] preservou a capacidade dos mercados de expressarem as suas visões sobre a credibilidade dos ativos financeiros”, explicou Praet, num discurso em Londres sobre a estabilidade dos preços em contexto de política monetária não convencional.

“O ano passado demonstrou que, apesar de a forward guidance do BCE sobre taxas de juro de curto prazo e da contínua presença no mercado como grande investidor, os preços do mercado tenderam a refletir a evolução da visão dos investidores sobre a posição potencial do crédito dos emissores soberanos”, afirmou.

Praet, um dos membros do BCE que tem defendido um abandono bastante gradual dos estímulos, discursava sobre os riscos deste processo. O banco central já anunciou que irá, em outubro, discutir uma estratégia de desaceleração do programa de compra de ativos da zona euro. O programa decorre a um ritmo atual de 60 mil milhões de euros por mês até dezembro.

A expetativa dos analistas é que o BCE anuncie um prolongamento para 2018 e que diminua o volume das compras. Sobre este processo, conhecido como tapering, Praet referiu que o Conselho de Governadores irá eventualmente avaliar a transição para um “ajustamento sustentável”, que sirva de “mecanismo de auto-correção” e resulte no fim definitivo dos estímulos.

“Nestas condições, os retornos mais elevados esperados para o investimento das empresas irá fazer com que as condições de financiamento continuem atrativas mesmo que os custos nominais tendam em aumentar”, disse o economista. “Do ponto de vista de hoje, ainda estamos a uma grande distância desse ajustamento sustentável”, acrescentou, em linha com a posição que o presidente do BCE já tinha defendido.

Mario Draghi tem lembrado que, apesar da desaceleração do programa, o banco central irá continuar no mercado durante muito tempo, continuando com os ativos na folha de balanço e com uma política de reinvestimentos.

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