A redução dos estímulos monetários pelo Banco Central Europeu (BCE) a partir de janeiro vai ser um dos principais desafios do mercado de obrigações em 2018. A instituição liderada por Mario Draghi tem-se esforçado por garantir que a diminuição de compra de ativos da zona euro vai ser gradual, mas poderá ser o reinvestimento do valor dos ativos que chegam às maturidades a tornar o processo ainda mais suave.
“A política de reinvestimentos e o stock considerável de ativos adquiridos vai ganhar importância para a forward guidance do BCE e para o grau de acomodação monetária. Em 2018 apenas, os reinvestimentos vão aumentar o volume bruto de compras para mais de 130 mil milhões de euros”, explica uma nota assinada por Ann-Katrin Petersen, da equipa de estratégia global económica da Allianz Global Investors (GI).
Na última reunião de política monetária, a 26 de outubro, a instituição liderada por Mario Draghi anunciou que vai prolongar o programa de compra de ativos até setembro de 2018 e reduzir o valor mensal de aquisições para 30 mil milhões a partir de janeiro, metade do montante atual.
Garantiu ainda que caso o outlook ou as condições financeiras se tornem menos favorável, o Conselho de Governadores está preparado para aumentar o programa em tamanho e/ou duração.
“O QE [Quantitative Easing] vai continuar até pelo menos setembro de 2018 (o fim está em aberto). Isto faz com o total de compras seja de pelo menos 2,55 biliões de euros. A folha de balanço do sistema do euro aumente para mais de 4,7 biliões de euros”, afirmou Petersen.
No final de novembro, o BCE detinha 1,9 biliões de euros em obrigações da zona euro, no âmbito do programa de compra de ativos iniciado em 2015 devido à crise das dívidas soberanas. Do total, 30,5 mil milhões, ou 1,6%, são títulos portugueses.
A analista da Allianz GI acrescentou que “o BCE está a esforçar-se muito para evitar expetativas prematuras sobre uma subida das taxas de juros”. A previsão da gestora de ativos é que o banco central anuncie uma nova redução da compra de ativos para 10 mil milhões de euros a partir de outubro e que suba a taxa de depósito apenas no segundo semestre de 2019.
Fonte: Allianz Global Investors
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