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‘bCommerce’: como a blockchain pode eliminar intermediários comerciais

A empresa holandesa nTitle pretende revolucionar o comércio com a implementação da blockchain no setor. Pronto a lançar um ICO para financiar o projeto, o fundador e CEO Peter van Grinsven explicou, em entrevista ao Jornal Económico, o potencial do ‘bcommerce’.
30 Agosto 2018, 09h27

O que é o bcommerce? Como é que a tecnologia blockchain pode mudar o comércio tradicional?

O comércio blockchain é a troca de valor na blockchain. Basicamente, cripto em troca de um produto. A nTitle está a começar com a indústria de jogos focada em ativos digitais.

O bcommerce muda o comércio tradicional de muitas maneiras diferentes. O comércio tradicional como o ecommerce na indústria de jogos (ou qualquer outra indústria com produtos digitais) é muitas vezes uma tecnologia obsoleta.

Se os jogadores não encontram jogos no site de ecommerce, por que é que o developer do jogo tem de pagar uma comissão a estes sites? Nos jogos, 50% dos casos de produtos digitais são descobertos nas redes sociais, depois disso é que é necessário ir a um site de ecommerce centralizado para os comprar. Os developers pagam uma comissão pela venda.

Em vez disso, com o bcommerce, o developer do jogo pode vendê-la direta e instantaneamente ao jogador e no momento em que este o descobre. O bcommerce corta várias camadas de custos porque basicamente elimina um intermediário ou outra plataforma onde uma transação é realizada.

No centro da solução de bcommerce da nTitle está o que chamamos de licenciamento líquido. O conceito permite a propriedade digital real e o controlo total sobre o direito de venda, revenda ou empréstimo de ativos digitais na blockchain e pode revolucionar a percepção dos ativos digitais.

Considera que a blockchain tem potencial para transformar os sistemas financeiros e de pagamento?

Sim. É possível armazenar valor na blockchain, o que reduz o custo da prova de propriedade (a prova de quem é o proprietário de um produto) porque excluem-se partes como bancos ou fornecedores de serviços de pagamentos. Ganhar dinheiro e ser inteligente é importante para as pessoas. Os rendimentos estão estagnados há anos e parece que continuará a acontecer com o advento da inteligência artificial e dos robôs. A par disso, o mundo cripto é dinheiro inteligente e pode ser usado em junção com smart contracts.

Como é que a nTitle pode ajudar nessa transição para o bcommerce?

A nTitle fornecerá ferramentas para tornar o bcommerce uma possibilidade. Os produtos digitais têm uma licença. Se as empresas que vendem produtos digitais puderem gerir as suas próprias licenças e vender diretamente no ponto de encontro dos utilizadores, resolvem o problema com as próprias mãos, fazem parcerias com os clientes. Deixam de estar nas mãos de players centralizados de ecommerce que, uma vez dominantes, têm uma parte cada vez maior do bolo.

A nTitle criou ferramentas de bcommerce como o nTitle Plasma Blockchain; os SDKs (Software Development Kits) para tokenizar licenças de jogos e itens dentro de um jogo; Liquid Licensing Solution da blockchain, ou Mobile e Web Trading Dapps, que são usadas para que os utilizadores possam negociar.

A nTitle tem sede na Holanda. Como é que está a ser a adaptação do país à blockchain e ao mundo cripto?

A Holanda tem uma comunidade de blockchain muito ativa, especificamente em Amsterdão, onde o nTitle tem a sua base. A Holanda tem uma economia muito aberta, com um sistema financeiro muito desenvolvido. A blockchain e o cripto serão condutores de inovação localmente.

Como compara a Holanda com outros países europeus e o resto do mundo?

Penso que todos os países entendem que a inovação tecnológica é o nome do jogo. O estabelecimento de ecossistemas de desenvolvimento tecnológico avançado e as oportunidades com blockchain são infinitas.

Quais é que considera que serão os próximos passos (em relação a regulamentação, governos, desenvolvimento de empresas, etc.) neste setor?

Liquidez e independência económica são importantes para o crescimento futuro da economia. Na nTitle, tudo gira em torno da propriedade dos ativos digitais e capacitar as pessoas. Os governos não podem parar isto porque as pessoas vão querer. Há uma inclinação cada vez maior para a propriedade e controlo reais sobre os próprios ativos (digitais).

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