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BdP: Economia tem melhores perspetivas mas persistem riscos para a banca nacional

O elevado endividamento do setor público e dos privados e o baixo crescimento potencial da economia portuguesa continuam a representar riscos para a estabilidade financeira, referiu o Banco de Portugal no seu Relatório de Estabilidade Financeira.
  • Cristina Bernardo
6 Junho 2017, 13h01

O elevado endividamento do setor público e dos privados e o baixo crescimento potencial da economia portuguesa continuam a representar riscos para a estabilidade financeira, referiu o Banco de Portugal no seu Relatório de Estabilidade Financeira, hoje divulgado.

“Embora as perspetivas para a economia portuguesa tenham melhorado e pareça existir uma perceção mais favorável dos investidores internacionais relativamente à situação orçamental, económica e ao setor bancário em Portugal, o elevado endividamento do setor público e do setor privado e o baixo crescimento potencial continuam a colocar riscos para a estabilidade financeira”, conclui o supervisor.

O BdP alerta que, quando terminar a atual fase de juros baixos e as taxas subirem, os bancos portugueses poderão ser negativamente afetados, com o aumento do crédito malparado, “sobretudo se a recuperação económica em Portugal não acompanhar o desempenho da área do euro”.

“É essencial persistir na redução sustentada da dívida pública, assente numa trajetória de consolidação orçamental, prosseguir a desalavancagem das empresas e das famílias e, simultaneamente, privilegiar políticas que estimulem a competitividade e o crescimento potencial da economia”, defende a entidade liderada por Carlos Costa.

Setor financeiro fez progressos mas persistem “vulnerabilidades”

O BdP considera que os bancos portugueses continuam a apresentar “vulnerabilidades”, apesar de terem alcançado “importantes progressos” nos últimos anos, com a redução do rácio de transformação (créditos sobre depósitos), na solvabilidade e no aumento da eficiência operacional. Porém, existem pontos fracos que dificultam o financiamento do setor bancário português nos mercados internacionais.

“O elevado nível de ativos não produtivos, a fraca rendibilidade e a exposição ao soberano e a economias de mercado emergentes com quebra de atividade tendem a agravar a perceção dos investidores acerca da qualidade dos ativos das instituições de crédito e, desta forma, a condicionar o acesso aos mercados financeiros internacionais”, nota.

Ao mesmo tempo, o ambiente prolongado de baixas taxas de juro está a colocar “pressão adicional” sobre a margem financeira e a rentabilidade dos bancos portugueses, “dada a relevância nas carteiras de crédito dos empréstimos concedidos a taxas de juro indexadas e maturidades longas”.

O BdP salienta, no entanto, que tiveram lugar “desenvolvimentos positivos registados recentemente na solvabilidade e na base acionista de algumas instituições de importância sistémica e que vieram reforçar a resiliência do sistema bancário em Portugal perante os riscos identificados”, numa alusão à recapitalização da Caixa, à entrada de um novo acionista do BCP, à venda do Novo Banco e à tomada de controlo do BPI pelo CaixaBank e à redução da exposição do banco português ao angolano BFA.

Bancos devem ter mais cuidado na concessão de crédito

O supervisor considera que, “num ambiente prolongado de baixas taxas de juro e perante requisitos contabilísticos e regulamentares mais exigentes, poderão gerar-se incentivos a uma maior assunção de riscos por parte das instituições financeiras”.

É por isso “fundamental” que os bancos “avaliem corretamente e de forma prospetiva o risco inerente aos novos fluxos de crédito, principalmente a capacidade de crédito dos mutuários para além do colateral dado em garantia, garantam o cumprimento estrito dos planos de redução do stock de créditos não produtivos e prossigam o ajustamento do modelo de negócio e da estrutura de custos”.

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