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BE critica “política de débeis paliativos” do PS legitimada por PCP e PAN

Segundo os bloquistas, em plena crise pandémica – tema que também merece bastante destaque nesta moção – e “depois de uma estratégia de provocação e de ensaio de crise política”, o executivo socialista “vem procurando impor, em cada negociação, uma estratégia de contenção de despesa”.
  • catarina_martins_oe_2020
    António Cotrim/Lusa
12 Fevereiro 2021, 08h21

O BE critica a “política de débeis paliativos” do PS e responsabiliza PCP e PAN pela sua legitimação à esquerda, assumindo-se, na moção levada à próxima convenção bloquista pela atual liderança, como uma alternativa que recusa a austeridade.

O texto com os tópicos para a moção A, ao qual a agência Lusa teve acesso, é subscrito pela coordenadora bloquista, Catarina Martins, pelo líder parlamentar, Pedro Filipe Soares, e pela eurodeputada e ex-candidata presidencial, Marisa Matias, tendo sido já enviado a todos os militantes do partido, cuja XII Convenção Nacional está agendada 22 e 23 de maio, no distrito do Porto, depois de um primeiro adiamento devido à pandemia.

Ao longo do documento com uma curta introdução e composto por 12 pontos, o PS e o atual Governo merecem várias críticas do BE, desde logo pelo facto de se terem afastado da ‘Geringonça’ e não a quererem reeditar na atual legislatura.

Segundo os bloquistas, em plena crise pandémica – tema que também merece bastante destaque nesta moção – e “depois de uma estratégia de provocação e de ensaio de crise política”, o executivo socialista “vem procurando impor, em cada negociação, uma estratégia de contenção de despesa”.

“Confortada à direita pelo apoio do Presidente da República e legitimada à esquerda pelo PCP e pelo PAN, a política de débeis paliativos permite ao PS expandir o centro político, que passou a ocupar sozinho desde que o PSD anunciou a sua dependência de uma aliança com a ultra-direita”, acusa.

Para o BE, esta estratégia do PS “já era errada antes da pandemia” e “o congelamento de investimentos e a manutenção de bloqueios estruturais torna-se parte da catástrofe que Portugal vive”, já que estas opções esquecem a “contínua degradação do SNS e o aumento da pobreza”, estando por isso o “desastre em curso”, com a “bomba-relógio” que representa o fim das moratórias de pagamento de créditos bancários.

Assegurando que “o Bloco é uma garantia de uma alternativa à esquerda que recusa uma governação que retoma a lógica da austeridade”, a atual direção justifica os votos nos sucessivos estados de emergência e as suas renovações, bem como a viabilização do Orçamento Suplementar de 2020, num ponto intitulado “Portugal, o bom aluno preso aos seus bloqueios” no qual explica ainda o processo do Orçamento do Estado para 2021 que culminou com o voto contra dos bloquistas.

“No processo negocial do Orçamento do Estado para 2021, definimos condições claras para entendimentos, que o Partido Socialista recusou: efetiva recuperação do SNS, reforço consistente da proteção social, reposição de direitos laborais eliminados pela troika, rigor face aos abusos da finança. A evolução posterior provou que todas estas condições eram essenciais para a resposta à pandemia e à crise social”, recorda.

Para o futuro imediato, os bloquistas indicam que é na resposta a estas questões e ainda ao investimento público para o emprego e a transição climática que se jogam as “aproximações ou distanciamentos face ao Governo” do PS.

“A escolha de uma via centrista pelo PS é a recriação de uma tática que já vimos falhar em inúmeros países. Na aliança que vai dos partidos socialistas aos liberais, de António Costa a Macron, procura-se uma alternância sem alternativa e excluem-se avanços sociais do diálogo à esquerda. Sobra só a chantagem da perda do poder para a direita radicalizada”, lê-se no texto.

Para o partido liderado por Catarina Martins, “não existe qualquer fatalidade democrática que atribua à direita radicalizada um destino de poder”, defendendo que, se as alternativas à esquerda conseguirem responder à maioria e aos setores afetados pela crise, esta poderá sair derrotada.

As críticas à resposta europeia, com a insistência na necessidade de reestruturar as dívidas soberanas, os avisos para a “catástrofe climática”, o combate à “agenda do medo” e as eleições autárquicas deste ano são outros dos aspetos abordados nesta moção da atual liderança.

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