Berardo foi condecorado por Eanes e Sampaio. Empresário deve deixar de ser comendador? Há quem defenda que sim

Depois de Zeinal Bava e de Armando Vara, eis que surge nova polémica com as condecorações atribuídas por presidentes da República. Agora são as duas condecorações atribuídas a Joe Berardo que voltam a ser debatidas.

A 13 de março de 1985, José Manuel Rodrigues Berardo, o nome completo do empresário, foi condecorado com o grau de Comendador da Ordem Infante Dom Henrique pelo Presidente da República Ramalho Eanes.

Quase 20 anos depois, Joe Berardo foi condecorado com a Grã-Cruz da Ordem do Infante Dom Henrique.O grau foi atribuído a 4 de outubro de 2004 pelo Presidente Jorge Sampaio, segundo a página das ordens portuguesas.

Perante a audição polémica de Joe Berardo no Parlamento na última sexta-feira, 10 de maio, já surgiram vozes a pedir que seja retirada a Ordem de Comendador ao empresário.

Nuno Melo do CDS comparou a condecoração de Joe Berardo com as atribuídas por diferentes presidentes ao antigo CEO da PT Zeinal Bava, ao antigo administrador da Caixa Geral de Depósitos Armando Vara.

“Sugiro realmente que se medite sobre a ligeireza com que se condecoram pessoas em Portugal e, desde logo, que se reavalie esta condecoração a Joe Berardo. Quem pede milhões a bancos e depois, enquanto se ri, diz que não deve nada, ao mesmo tempo que os contribuintes em dificuldade pagam, não merece ser comendador de coisa nenhuma”, disse o eurodeputado centrista citado pela Lusa num comício realizado em Rio Maior na terça-feira, 14 de maio.

Também José Miguel Júdice veio a público defender que Marcelo Rebelo de Sousa deve retirar a Ordem de Comendador a Joe Berardo. O advogado e ex-militante do PSD admite devolver a sua condecoração com a Ordem do Infante Dom Henrique, caso o Presidente da República não retire a condecoração ao empresário.

“Quando é que o Presidente da República responde a isto: Tira a condecoração ao senhor Berardo? Ou os condecorados com a Ordem de Infante Dom Henrique devem ir entregar as condecorações?”, questionou José Miguel Júdice na SIC na terça-feira.

“Não quero fazer parte de uma ordem muito prestigiada em que tenho como companheiro de caminho o senhor Berardo”, afirmou o advogado.