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Bernard Madoff: 10 anos sobre o escândalo que abalou a alta finança

Considerado o autor da maior fraude de sempre, faz hoje 10 anos que o tribunal congelou todos os seus bens.
12 Dezembro 2018, 07h33

Bernie Madoff, como é conhecido, ficou famoso depois de ter sido preso em dezembro de 2008 por ter gerado um esquema de Ponzi – também conhecido como esquema de pirâmide – de 65 mil milhões de dólares (61 mil milhões de euros). O esquema consistia no pagamento de lucros anormalmente altos a investidores à custa de investidores que chegavam posteriormente, em vez de receita gerada por qualquer negócio real.

Considerado o autor da maior fraude de sempre, foi condenado, aos 71 anos, a 150 anos de prisão. Em tribunal, pediu desculpa aos investidores, empregados e à mulher.

O juiz Denny Chin condenou Bernard Madoff à pena máxima pedida pelos procuradores americanos pela sua fraude, considerada a maior da história, que lesou investidores em dezenas de milhões de dólares. A CNN contou que Madoff virou a cara para algumas das suas vítimas presentes no julgamento e, dirigindo-se a elas, disse: “dizer que estou arrependido não é suficiente. Olho para vocês. Sei que não adianta nada. Peço desculpa.”

Madoff terá dito que não procurava o perdão das pessoas que lesou e que não procurava desculpar o seu comportamento. Disse ainda que sabe ser impossível desculpar alguém que traiu milhares de investidores e empregados. Acrescentou que enganou a própria mulher.

Após o julgamento, os dois filhos de Madoff faleceram. Um deles suicidou-se no segundo aniversário da prisão do pai, e o outro não sobreviveu a um linfoma, cujo agravamento atribuía ao stress causado pelo pai, visto que antes se encontrava em remissão.

De acordo com o The Wall Street Journal, os investidores com maiores perdas incluíam o Fairfield Greenwich Advisors, com uma perda de 7,5 mil milhões de dólares, o Tremont Capital Management com 3,3 mil milhões, o Banco Santander com um desvio de 2,87 mil milhões e o Bank Medici com 2,1 mil milhões de dólares.

Outros investidores, com perdas potenciais entre 100 milhões e mil milhões de dólares incluem entidades como Natixis SA, Carl J. Shapiro, Royal Bank of Scotland Group PLC, BNP Paribas, BBVA, Man Group PLC, Reichmuth & Co., Nomura Holdings, Aozora Bank, Maxam Capital Management, EIM SA, e AXA SA.

Supõe-se que só de fundos portugueses tenham sido aplicados cerca de 76 milhões de euros no esquema fraudulento de Madoff.

Em Manhathan era considerado um criador de fortunas que com o seu jeito afável conquistava muitos do seus clientes em encontros de amigos, eventos sociais e almoços. O rapaz de Queens nasceu em 1938 e começou cedo a chamar a atenção para a sua capacidade em avançar com investimentos e levar os outros a investir. A herança judaica traçou-lhe o destino e facilitou-lhe a confiança que investidores tinham nele. Depois de trabalhar como salva-vidas nas praias de Long Island, lança a sua primeira empresa, em 1960, a Bernard Madoff Investment Securities. O sucesso que alcançou valeu-lhe a participação na criação da bolsa de valores tecnológica Nasdaq, da qual viria a ser presidente.

Cerca de uma década após a prisão de Bernard Madoff, responsável pelo maior “esquema de Ponzi” do mundo, os investidores defraudados estão a conseguir recuperar o dinheiro perdido através de ações judiciais nos EUA.

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