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Bruxelas ameaça companhias que transportem migrantes com “lista negra” e Bielorrússia ameaça com corte no fornecimento de gás

A crise migratória, que está há meses em lume brando, atingiu novos picos nos últimos dias depois de centenas de migrantes terem chegado à fronteira da floresta de Bialowieza, na Polónia vindos da Bieolurrussia. Os migrantes estão agora acantonados em acampamentos precários. A situação “é alarmante”, diz a ONU.
  • A.Carrasco Ragel/EPA via Lusa
11 Novembro 2021, 15h30

A União Europeia garantiu estar preparada para adicionar à lista negra as companhias aéreas que transportem para a Bielorrússia migrantes que, mais tarde, tentem cruzar a fronteira do bloco europeu. As sanções contra Minsk serão coordenadas com os Estados Unidos.

“É claro para nós que as sanções são a resposta que deve ser usada contra o regime da Bielorrússia. A presidente da Comissão [Europeia] já referiu que vai ser apresentada uma proposta para prolongar as sanções atuais”, cita a “Reuters” as declarações de uma porta-voz do executivo comunitário.

A mesma fonte refere à agenda que estão a ser analisados os “meios legais para introduzir sanções, incluindo a lista negra de certas companhias aéreas que estão a transportar migrantes para a Bielorrússia que depois são empurrados para a fronteira com a Polónia, para que eles estejam também envolvidos no contrabando de migrantes”.

Em causa estão os cerca de quatro mil migrantes do Médio Oriente, incluindo crianças e mulheres, que estão encurralados e sem condições humanitárias, na região da fronteira entre a Bielorrússia e a Polónia. Trata-se de uma nova crise migratória e, aparentemente, é alavancada pelo regime bielorrusso. O ditador Alexander Lukashenko estará a atrair imigrantes do Iraque, Síria e Afeganistão para o seu país — facilita vistos e dá transporte —, enviando-os depois em massa para a fronteira europeia da Polónia. É, acusa a União Europeia, uma retaliação contra as sanções impostas pela UE.

A Bielorrússia, apoiada pelo presidente russo Vladimir Putin, nega a acusação e culpa a Polónia de violar direitos humanos por recusar a entrada dos migrantes. A tensão está em crescendo e já gera temores de um confronto militar. O ministro da Defesa, Mariusz Blaszczak, confirmou hoje que já há 15 mil soldados destacados.

Além disso, o coronel Marek Pietrzak, porta-voz das Forças de Defesa Territoriais polacas – um corpo paramilitar de reservistas e voluntários – garantiu na terça-feira que oito mil membros desta unidade foram mobilizados e que mil chegarão à fronteira em breve

Bielorússia ameaça cortar o gás que envia para a União Europeia

O presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, ameaçou cortar o abastecimento de gás e outros bens que fluem através do seu país para a União Europeia, caso o bloco imponha mais sanções ao seu regime a propósito da crise de migrantes com a Polónia.

Lukashenko afirmou que a Bielorússia iria reagir a quaisquer sanções “inaceitáveis” por parte da UE, depois de a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, ter declarado na quarta-feira que Bruxelas alargaria as sanções ao regime bielorrusso, dada a condução de migrantes que este tem feito através da Polónia.

A hipótese de cortar o gás europeu surgiu em declarações à agência de notícias estatal Belta: “Estamos a aquecer a Europa, e eles estão a ameaçar fechar a fronteira. E se lhes cortarmos o gás? Recomendo que os líderes da Polónia, Lituânia e outras pessoas ‘sem cabeça’ que pensem antes de falar. Não nos vamos conter de forma alguma na defesa da nossa soberania e independência”.

Cerca de 40% do gás europeu provém da Rússia, e cerca de um quinto deste passou através da Bielorrússia em 2020, de acordo com analistas citados pelo “Financial Times”. E esta é uma ferida aberta para a Europa, cujos preços do gás subiram a pique no último ano dadas as preocupações com o fornecimento à medida que o inverno se aproxima, e as reservas estão pouco preenchidas.

 

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