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Bill Gross: “Rei das Obrigações” continua longe da glória

Em setembro de 2014, o então conhecido “Rei das Obrigações” perdia a coroa. Nesse ano, Bill Gross abandonou a Pimco, a gestora de ativos que fundou nos anos noventa. Hoje, gere um fundo de obrigações na Janus Global e atravessa novas dificuldades.
  • Bill Gross, co-chief investment officer of Pacific Investment Management Co., speaks during an interview in New York, U.S., on Monday, May 16, 2011. Treasury Secretary Timothy F. Geithner’s action to stave off the federal debt limit until August gives the U.S. some “wiggle room,” Gross said today. Photographer: Scott Eells/Bloomberg via Getty Images
5 Outubro 2018, 09h00

Bill Gross já esteve responsável por um bilião de dólares em dinheiro de outras pessoas – ou não fosse ele o rei das obrigações, nome pelo qual ficou conhecido em Wall Street. Em setembro de 2014 abandonou a Pacific Investment Management (Pimco), a gestora de ativos que fundou, para se juntar à Janus. Entretanto, o Janus Capital Group e o Henderson Group uniram-se para formar o Janus Henderson Group Plc, criando um player de investimento global.

O anúncio da saída de Bill Gross da gestora de fundos de investimento que ajudou a criar, a Pimco, custou à companhia retiradas de clientes que atingem os 10 mil milhões de dólares, revelava o “The Wall Street Journal”. Conhecido como “Bond King”, pelos sucessos que conseguiu através dos investimentos que fez em dívida soberana, Gross não teve vida fácil ao longo deste ano. Primeiro, viu partir Mohamed El-Erian, que com ele repartia a liderança da Pimco. Depois, o retorno dos negócios caiu e, com isso, muitos clientes começaram a levantar o seu dinheiro da Pimco. E, a seguir, foi alvo de uma acção por parte da autoridade supervisora por, alegadamente, ter fornecido informação distorcida a investidores de um dos fundos da companhia.

O fundador e antigo líder da Pimco diz sempre o que pensa. O ano passado afirmou que os mercados financeiros funcionam como se fossem um “casino como os existentes em Las Vegas ou em Monte Carlo”.
Recentemente, na cimeira Bloomberg Invest New York, o Gross alertou para os perigos dos mercados financeiros, semelhantes aos da crise financeira de 2008. “Em vez de comprar baixo e vender a preço alto, você está a comprar alto e a cruzar os dedos”.

Dificuldade em obter rendibilidades positivas
Citado pela agência Reuters, Gross argumentou, no seu mais recente estudo de investimento, que as políticas de estímulos seguidas pelas diversas autoridades monetárias fizeram com que “os nossos mercados financeiros se tenham tornado num casino de Vegas/Macau/Monte Carlo”.Gross explicou que nestes casinos se está a “apostar” que a “oferta ilimitada de crédito gerada pelos bancos centrais pode reanimar com sucesso a economia global e revigorar o crescimento nominal do PIB para valores mais baixos mas ainda assim aceitáveis neste altamente alavancado mundo”.

Segundo uma notícia avançada pelo MarketWatch, o fundo gerido por Gross na Janus Henderson registou o quinto mês consecutivo de resgates. Apenas em Julho, o fundo perdeu 232 milhões de dólares, reduzindo o volume sob gestão para 1,24 mil milhões de dólares, de acordo com dados da Morningstar citados pelo site. Os ativos sob gestão afundam 44% em 2018.A rotina de Gross passa por acordar às 4h30, chegar ao escritório uma hora mais tarde para começar as negociações. Às 8h30 tem uma aula de ioga, uma prática desportiva muito recomendada para o relaxamento e a meditação.

Foi aliás durante uma sessão de ioga que Gross teve a ideia, há alguns anos, de enviar analistas de todo o país para se fazerem passar por compradores de casas e assim perceber se valia a pena ou não investir no mercado imobiliário. O seu património é de 1,5 mil milhões de dólares, segundo a revista Forbes.

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