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Bolsas tiveram um ano difícil e já receiam 2019

O início de 2018 foi encarado com otimismo pelos mercados bolsistas a nível mundial. Passavam poucos dias de fevereiro e o S&P, DAX e PSI 20 já acumulavam uma perda entre 10% e 12%.
28 Dezembro 2018, 08h15

Este foi um ano de emoções fortes nas bolsas mundiais. Depois de um começo de 2018 auspicioso nos EUA, as bolsas chegaram a bater máximos históricos em algumas geografias, ainda que com alguns sustos pelo caminho. Na Europa, as coisas foram sempre bem diferentes, para pior. A volatilidade chegou em força em outubro, transformando o bull market mais longo de sempre numa sequência de quedas também histórica. É com muita apreensão que os mercados bolsistas encaram 2019, um ano que já tem alguns focos de risco bem identificados.

O início de 2018 foi encarado com otimismo pelos mercados bolsistas a nível mundial. A economia estava forte, as bolsas vinham a acumular ganhos expressivos desde o início de 2016 e os estímulos fiscais decididos por Donald Trump faziam crer que não haveria nuvens negras no horizonte. Janeiro foi um mês positivo para os mercados, mas o primeiro susto aconteceu logo a seguir. Passavam poucos dias de fevereiro e o S&P, DAX e PSI 20 já acumulavam uma perda entre 10% e 12% face aos máximos vistos apenas uns dias antes. No dia 5 de fevereiro terminava a série de cerca de 400 sessões sem que Nova Iorque corrigisse 5% face aos máximos. A explicação para a agitação residiu nas declarações de Janet Yellen, na altura a presidente da FED, dando a entender que as taxas de juro iriam subir mais depressa do que o descontado pelo mercado, e de Alan Greenspan, que chamou a atenção para a existência de duas bolhas nos mercados: nas obrigações e nas ações. Na altura era impossível de saber, mas os máximos do ano do DAX já tinham sido vistos.

O abanão seguinte veio no final de maio. A agitação política em Itália e Espanha reacendeu os receios em torno de uma nova crise da dívida na zona euro ou mesmo a possibilidade de um dos países iniciar um processo de saída da UEM. As bolsas europeias, com destaque para o setor da banca, foram muito penalizadas. E, ao contrário de outras situações, a desvalorização do euro não foi suficiente para evitar quedas nas ações europeias. Nessa fase, a clivagem entre o que se passava nos EUA e na Europa já era grande, até porque já se começava a falar de desaceleração na União Europeia.

As bolsas de Nova Iorque voltariam a subir e, entre agosto e setembro, renovariam máximos históricos quase diariamente. Até que chegou outubro e o que tinha começado por parecer uma mera correção, arrastou os índices para quedas vertiginosas. O S&P passou de estar 9,6% positivo no ano, para perder 10%, estando 25% abaixo dos máximos, tudo em menos de três meses. Perante as ameaças de desaceleração económica global, políticas e atitudes pouco compreensivas de Trump, com uma guerra comercial em curso e com os índices a cair, o mercado entrou em pânico e desfez posições. O peso no mercado dos algoritmos e dos fundos de gestão passiva tem sido apontado como um fator que explica a volatilidade das descidas, mas o facto é que o otimismo desapareceu. A poucas sessões do fim do ano, as bolsas europeias preparam-se para fechar o ano a perder entre 13% e 20% e Nova Iorque poderá também recuar dois dígitos. O ano que vem está a ser encarado com receio. Fala-se na possibilidade de recessão global, de problemas no Deutsche Bank, no Brexit que poderá ser desordenado, na guerra comercial e num Trump cada vez mais posto em causa interna e externamente. Será um ano em que teremos novos líderes no BCE, na Comissão e no Parlamento Europeu, numa altura em que será tentador para a Europa implementar medidas de estímulo fiscal.

A bolsa de Lisboa teve um ano agitado. O PSI 20 deverá fechar 2018 com perdas perto dos 15%, em linha com o resto da Europa, mas foi o pior ano desde 2014.  Mas vale a pena destacar a OPA da CTG à EDP, que poderá não se concretizar e algumas operações falhadas: as OPV da Sonae MC e da Science4You e os aumentos de capital da Pharol e da Vista Alegre. Foi o ano de saída da bolsa de um histórico – o BPI – e com as entradas da Raize e Flexdeal, mas que não se comparam nem em dimensão nem em liquidez.

Câmbio: Eur/Nok

Nesta fase, 10 coroas norueguesas equivalem a um euro, o que não se via desde a crise financeira de 2008. A recente fraqueza da coroa resulta sobretudo da queda dos preços de petróleo, mas também da turbulência das bolsas e da falta de liquidez que este mercado normalmente já tem, agora exacerbada pela época de festas. Os mercados reduziram as expectativas de subida de taxas, devido à queda dos preços do petróleo e às crescentes preocupações com o crescimento global. No médio a longo prazo, a força do fundo soberano norueguês deve suportar a coroa.

Mercados: Dow Jones Industrial Average

O Dow Jones, um dos três principais índices de Wall Street, obteve na passada quarta-feira uma subida acentuada, após Wall Street ter registado a melhor sessão em três anos, com ganhos a rondar os 5%. Em termos de pontos, o índice em causa registou mesmo a melhor sessão de sempre, ao subir 1086 pontos. A ajudar ao bom desempenho do índice estiveram os conselhos do presidente Donald Trump aos investidores, tendo este apelado para que estes comprem ações, alegando que estas ficaram a bons preços devido ao recente sell-off.

Matérias-primas: Ouro

No meio de toda a turbulência económica e financeira a que temos assistido, o ouro continua a obedecer à sua função de ativo de segurança. Nas últimas semanas o metal tem renovado máximos de 6 meses, aproveitando a fuga dos investidores dos ativos mais arriscados para um “porto seguro”. A queda das taxas de juro das obrigações soberanas também tem dado uma mão. Até há uns meses o ouro estava a ser pressionado pela subida dos juros, o que torna menos apetecível a compra de ativos que não geram rendimentos, como o metal precioso. Mas a inversão do sentimento económico inverteu a situação.

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