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Brad Smith: “Seremos a primeira geração da Humanidade que dará poder aos computadores para tomarem decisões até agora reservadas aos humanos”

Presidente da Microsoft alerta para os perigos da nova era digital, advertindo que o respeito pelos valores fundamentais deve ser uma preocupação para quem está a definir a tecnologia do futuro.
6 Novembro 2019, 11h31

O presidente da Microsoft, Brad Smith, alertou os participantes da Web Summit para o facto de sermos “a primeira geração da Humanidade que dará poder aos computadores para tomarem decisões que até agora eram feitas por humanos”. Para o advogado norte-americano, cuja intervenção “The promises and perils of the digital age” foi a primeira do dia no palco central da Altice Arena, a solução é “reconhecer que precisamos de uma nova abordagem às questões que a tecnologia coloca à sociedade”, tarefa que considera estar a cargo não só das grandes empresas mas também de todos quantos trabalham com tecnologia.

”Temos que perguntar o que os computadores devem fazer e não só o que podem fazer”, afirmou o presidente da Microsoft, para quem essa é uma pergunta fundamental cuja resposta não pode falhar, sendo necessário que todos se protejam das “consequências indesejada” do desenvolvimento tecnológico. Algo que implica também diálogo com governos, mas igualmente a percepção por parte das empresas que continuará a haver um “enorme potencial de lucro” mesmo que se tenha em conta o interesse público.

Começando por recordar a quem o ouvia que dentro de poucos meses estarão todos a olhar para a nova década, Brad Smith recordou a evolução nos últimos dez anos, nomeadamente a forma como a Nuvem  alterou o acesso aos computadores, o que reduziu custos e permitiu a explosão que leva à existência de 25 vezes mais dados digitais do que havia em 2010. Mas também não esqueceu os avanços na Inteligência Artificial.

Quanto a previsões para os próximos dez anos, o presidente da Microsoft destacou que a computação digital clássica irá combinar-se com a computação quântica, mas também a inovação no armazenamento e processamento de dados, ou a evolução do 5G para o 6G. “A computação vai estar em todos os dispositivos, vai estar em todos os cantos e vai estar em todas as partes da nossa casa, tornando-se algo como a eletricidade”, afirmou.

No que toca à Inteligência Artificial, Brad Smith disse que na próxima década iremos começar a falar na Inteligência Artificial Geral, que funcionará em cenários cada vez mais abrangentes. Mas é precisamente nesse ponto que o presidente da Microsoft antevê os desafios que fazem com que “uma era de oportunidades extraordinárias” seja também “uma era de ansiedade”.

Na opinião de Brad Smith urge “preservar os valores fundamentais”, entre Direitos Humanos, direito à privacidade e oportunidades para todos. Partindo do princípio de que “qualquer ferramenta pode tornar-se uma arma”, deixou o alerta de que a “Inteligência Artificial pode ser uma espada como o mundo nunca viu”, comparando o seu impacto àquele que teve o motor de combustão e não se esquecendo sequer de mostrar aos participantes na Web Summit a cena do filme “2001 – Odisseia no Espaço” em que o computador HAL impede os astronautas de regressarem à nave espacial que se encontra na órbita de Júpiter por considerar que as suas vidas são menos importantes do que a missão em que participam.

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