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Brasil vacinou 45 mil venezuelanos que entraram no país pela fronteira

O ministro da Saúde do Brasil, Gilberto Occhi, anunciou hoje que o país vacinou 45 mil venezuelanos que entraram na fronteira pelo estado de Roraima até meados de junho.
9 Agosto 2018, 20h47

“Temos aproximadamente, até junho, cerca de 45 mil pessoas venezuelanas vacinadas no Brasil. Isto é um quantitativo do início deste ano quando houve uma entrada maior destas pessoas da Venezuela”, disse o ministro, numa conferência com jornalistas estrangeiros.

“Hoje a obrigatoriedade de vacinação é para todos aqueles que pedem abrigo no Brasil. Aqueles que pedem passagem ou visto de turista e não precisam do apoio social do Brasil não são obrigados a vacinarem-se”, acrescentou.

O ministro brasileiro afirmou, porém, que com o aumento de casos de sarampo e possibilidade da entrada de novas epidemias o país estuda passar a exigir vacinação de todos os venezuelanos que entrem na fronteira pelo estado de Roraima.

“Estamos em negociação com o Ministério da Justiça, a advocacia-Geral da União e outros órgãos do Governo brasileiro para ver se haverá uma condição de exigir vacinação [dos venezuelanos] que entrarem no Brasil. Ainda não há nada decidido”, explicou.

“Como Ministério da Saúde entendemos que devido a esta intensidade de pessoas que estão entrando, e pela falta de um programa de vacinação robusto na Venezuela, temos que ter uma preocupação”, completou.

O representante do Governo brasileiro também informou que não tem tido apoio efetivo dos órgãos de saúde da Venezuela.

Segundo a equipa do Ministério da Saúde brasileiro, o país não tem sequer dados exatos sobre a cobertura vacinal da Venezuela ou sobre números de casos de sarampo, febre amarela e difteria ou outras epidemias com casos registados no país vizinho.

“Nós não tivemos nenhum tipo de apoio da Venezuela, pelo contrário, o Brasil ofereceu apoio ao Governo venezuelano para que pudéssemos ajudá-lo com algum tipo de vacina. Da parte da Venezuela, o Brasil não recebeu nada”, afirmou.

Quanto à população indígena que vive na fronteira destes dois país e, que segundo organizações como a Survival International, correm grave risco de extermínio com o avanço do sarampo, já que têm baixa imunidade, o Governo brasileiro disse que tem atuado para os proteger.

“O Brasil tem uma política especial voltada para esta população. Os índios venezuelanos da tribo Warao estão a ser abrigados em lugares diferentes das demais populações da Venezuela que pediram abrigo no Brasil. Eles estão sendo tratados e vacinados”, frisou Gilberto Occhi.

Já Carla Domingues, coordenadora do programa nacional de imunizações do Ministério da Saúde, acrescentou que o “Brasil já tem uma política de vacinação para população indígena há muitos anos com um calendário especial que é acompanhado pela Secretaria de Saúde do Índio”.

Segundo a responsável, os índios que são isolados, ou seja, que não têm contacto com a população urbana porque vivem de forma natural nas florestas da região, não correm o risco de se infectarem por sarampo porque a transmissão desta doença ocorre pelo contacto de pessoa para pessoa.

“Estamos a monitorizar estas tribos [isoladas] à distância e se houver risco de qualquer doença temos uma frente para atender”, concluiu.

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