[weglot_switcher]

Brexit: Economia britânica recua pela primeira vez desde 2012

Chefe do governo britânico há menos de um mês, Boris Johnson promete a conclusão do Brexit com ou sem acordo com a União Europeia. “Bloomberg” diz que recuo do PIB impulsiona governo britânico na prossecução de uma saída eminente do Reino Unido do clube de Bruxelas. O prazo para o Brexit é 31 de outubro.
9 Agosto 2019, 13h11

O Produto Interno Bruto (PIB) do Reino Unido recuou 0,2% no segundo trimestre, a primeira vez desde 2012, depois de ter crescido 0,5% nos primeiros três meses, informou o Office for National Statistics (ONS, sigla para o gabinete de estatística britânico) esta sexta-feira, 9 de agosto. Estes são os primeiro números do PIB britânico na era de Boris Johnson, chefe do governo britânico há menos de um mês, que promete a conclusão do Brexit com ou sem acordo com a União Europeia (UE).

Com base no primeiro cálculo do PIB no segundo trimestre, o ONS constata um recuo da economia britânica, pouco depois do Banco de Inglaterra ter revisto em baixa as previsões anuais de crescimento devido ao risco de um Brexit sem acordo. O banco central britânico reviu em baixa as previsões anuais de crescimento de 1,5% para 1,3%, uma correção que justificou com as tensões comerciais globais e a incerteza provocada pela possibilidade de um Brexit não negociado.

Os dados divulgados hoje indicam que o Reino Unido sofreu a sua primeira contração económica depois da crise financeira. A “Bloomberg”, que cita economistas, escreveu que o recuo do PIB impulsiona o executivo de Johnson na prossecução de uma saída eminente do Reino Unido da UE.

O setor industrial foi o mais castigado no segundo trimestre, com uma contração de 2,3%, depois de ter avançado nos primeiros três meses do ano devido à acumulação de existências antes da saída da União Europeia (UE), inicialmente prevista para 29 de março. O conjunto do setor produtivo do Reino Unido contraiu-se 1,4%, enquanto o setor da construção recuou 1,3%.

Os serviços foram o único setor que contribuiu de forma positiva para a economia britânica no segundo trimestre com um avanço de 0,1%.

De acordo com a agência de informação financeira, a queda na produção significa que o Reino Unido corre o risco de cair numa recessão técnica com mais um deslize trimestral.

“A economia do Reino Unido deve evitar uma recessão técnica”, apontam os analistas da ING.

Muitas empresas reduziram os stocks acumulados antes do prazo original de saída da UE, 29 de março, o que provocou uma quebra dos níveis de stocks de 4,4 mil milhões de libras (5,3 mil milhões de dólares) e , consequentemente, uma penalização de 2,15 pontos percentuais do PIB.

“Gastos aceitáveis dos consumidores sugerem que uma recessão técnica deve ser evitada, mas a  potencial quebra do investimento empresarial ainda é motivo de preocupação”, alertam os analistas.

A economia britânica também foi atingida pelas fabricantes automóveis que anteciparam as paragens de manutenção do verão para abril, para evitar a ameaça de interrupções no fornecimento por causa do prazo original do Brexit.

“Acreditamos que algumas empresas não tiveram outra escolha a não ser reduzir os níveis de stock, dados os custos de capital e armazenagem envolvidos. O Banco da Inglaterra indicou que a maioria manteve os níveis de stock altos. No entanto, parece que o efeito pode ter sido maior do que o estimado”, lê-se no comentário da IGN.

Estes dados reforçam a argumentação de Boris Johnson, que é partidário de abandonar a UE mesmo sem negociação de condições de saída com Bruxelas, um cenário que segundo o banco central britânico pode desencadear uma recessão económica no Reino Unido. Em contrapartida, Johnson promete um impulso fiscal para ajudar a economia a lidar com o Brexit.

Depois do anúncio da ONS, a libra esterlina recuava 0,34% face ao euro, para 1,0819 euros, e 0,21% face ao dólar norte-americano, para 1,2110 dólares, enquanto o principal índice da bolsa de Londres, o FTSE100, perdia 0,33%.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.