Com a suspensão das negociações entre o Partidos Conservador e o Partido Trabalhista com vista a um entendimento para a criação de um documento que fosse capaz de passar no crivo da Câmara dos Comuns, os analistas consideram que os britânicos fecharam à porta à ultima oportunidade para encontrarem uma saída airosa para o impasse a que eles próprios se confinaram.
Os mais destacados dirigentes conservadores acham o mesmo: a maioria deles disse que o fim das negociações é o fim do plano de entendimento – e que, de qualquer modo, o trajeto seguido enquanto essas negociações estavam no ativo não era o melhor. Pelo contrário.
Os trabalhistas seguem atrás dos conservadores: May não foi, dizem, suficientemente ágil para conseguir encontrar uma plataforma que pudesse ser aceite pelos dirigentes partidários liderados por Jeremy Corbin.
May é a única que destoa desta convergência entre conservadores, trabalhistas e comentadores. E insiste em que está a preparar um documento que possa passar pela Câmara dos Comuns – a mesma câmara que já reprovou por três vezes os documentos que a primeira-ministra lhes fez chegar.
Para os comentadores, o novo documento deverá abordar a questão da união aduaneira. É que não há muito mais por onde ‘pegar’. A divergência entre conservadores e trabalhistas sobre a matéria nunca chegou a ser ultrapassada, mas a verdade é que esteve prestes a sê-lo. E talvez o tivesse sido se os conservadores não tivessem colocado em causa a questão, afirmando que manter uma união aduaneira é o mesmo que não sair da União Europeia.
May pode estar interessada em regressar a esta questão uma vez que sabe que os trabalhistas lhe são sensíveis – e o número de votos trabalhistas em favor do documento que quer levar à Câmara dos Comuns pode compensar o número de conservadores que por certo vai votar contra.
A aceitação de uma união aduaneira pode, por outro lado, ser o tema do agrado de Bruxelas. É que, para já, ninguém no Reino Unido parece estar muito preocupado com o assunto, mas o certo é que qualquer documento que passar na Câmara dos Comuns terá ainda de ser aceite pela Comissão, pelo Conselho e pelos 27. E nada indica que o facto de passar na Câmara dos Comuns venha a ser suficiente, apesar de ser necessário.
Mas, nesta aritmética, ninguém acredita. E o mais certo é que o documento que May diz estar a elaborar – sem que se saiba se será ou não apresentado a 2 de junho, como chegou a ser indicado enquanto decorriam as negociações entre os dois partidos – seja mais um esforço deitado para o lixo.
May garantiu que o documento “vai representar uma proposta nova e ousada”, com um “pacote melhorado de medidas” que a chefe de governo acredita que podem ganhar mais apoios em toda a Câmara dos Comuns. Desgraçadamente, parece ser a única britânica que acredita em semelhante ‘milagre’.
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