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Brexit pode ser revertido? Em teoria, sim, diz Moscovici

O francês Pierre Moscivici, Comissário para os Assuntos Económicos e Financeiros, voutou a um assunto que nunca parece encerrado, apesar de todas as promessas: haverá um novo referendo ao Brexit?
  • REUTERS/Heinz-Peter Bader/File Photo
21 Agosto 2018, 07h12

“Teoricamente”, o Brexit ainda pode ser revertido. A opinião não é de nenhum analista ou comentarista de serviço a favor ou contra o Brexit, mas do próprio Comissário Europeu para os Assuntos Económicos e Financeiros, Pierre Moscovici.

Aquele responsável respondia assim numa entrevista à rádio France Inter, que questionava Moscovici sobre o significado político e prático da intenção manifestada pelo empresário britânico Julian Dunkerton, cofundador da marca de roupas Superdry, que anunciou este fim-de-semana que apoiará com um milhão de libras (1,11 milhões de euros) a organização People’s Vote, que se bate pela realização de um novo referendo sobre o Brexit.

Moscovici não se mostrou muito convencido de que isso possa vir a suceder – até porque a primeira-ministra Theresa May tem-se oposto terminantemente a um hipotético novo referendo, e se ele acabasse por acontecer seria uma pesada derrota pessoal – mas o certo é que a resposta de alguém com a influência do comissário francês deixa poucas dúvidas: em Bruxelas, ainda há esperança de que essa reversão aconteça.

Moscovici disse que, de qualquer forma, e mesmo que em teoria essa reversão possa acontecer, “isso depende dos próprios britânicos, que tomaram a decisão de deixar a União Europeia”. Para o comissário, é aos britânicos que cabe uma decisão final sobre a matéria: são eles que “têm de decidir se vão ou não [embora], e como vão”.

O presidente francês Emmanuel Macron foi desde a primeira hora (a seguir ao referendo do Brexit) um claro apoiante de que a saída poderia ser revertida e chegou mesmo a incentivar essa reversão, segundo adiantava na altura a imprensa gaulesa. Por outro lado, a França tem-se mostrado aberta a manter relações (nomeadamente comerciais) privilegiadas com Londres, na tentativa de ‘desbloquear o bloqueio’ que com certeza acontecerá nos portos e aeroportos britânicos a partir de 29 de março do próximo ano, o primeiro dia da União Europeia novamente se o Reino Unido.

“A probabilidade de Brexit é, contudo, muito alto, porque houve um voto dos cidadãos, um referendo…”, disse Moscovici, para quem nem sequer é evidente que as duas partes consigam chegar a um entendimento suficiente para assinarem um acordo.

A uma pergunta sobre se iria haver um acordo entre o Reino Unido e a União Europeia sobre os termos de Brexit, Moscovici respondeu, lacónico: “não necessariamente”. O que parece claro, de qualquer modo, é que a Comissão Europeia está a gastar as últimas reservas diplomáticas para convencer os britânicos a manterem-se na União.

É por certo a isto que fica a dever-se a multiplicação de notícias alarmantes sobre o encerramento das fronteiras entre a União Europeia e o Reino Unido, que tendem a afirmar que, em poucas semanas, os britânicos podem estar a passar fome e a morrer de doenças curáveis por causa da falta de medicamentos – quando tudo o que precisam para manterem uma vida normal estará a apodrecer dentro dos porões dos navios ao largo do Mar do Norte ou em camiões parados em plena autoestrada.

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