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‘Brexit’ provoca fuga de ativos superior a quatro anos do PIB português

A saída do Reino Unido da União Europeia vai provocar uma sangria financeira superior a quatro anos de criação de riqueza pela economia portuguesa. A indústria automóvel britânica já se prepara para o “pior cenário possível”.
  • Londres, Inglaterra – 122 euros
9 Janeiro 2019, 07h49

O Brexit vai provocar a fuga de cerca de 890 mil milhões de euros (800 mil milhões de libras) de ativos do Reino Unido. Bancos, seguradoras e gestores de fundos preparam a deslocação destes ativos das ilhas britânicas para o resto da Europa, à medida que aumenta a incerteza sobre o Brexit.

A conclusão é da consultora EY, que realizou um inquérito, divulgado esta semana pela Bloomberg, junto de 20 empresas localizadas em Londres e que já anunciaram a transferência destes ativos. A consultora avisa mesmo que esta estimativa poderá ser “conservadora”, pois muitas empresas ainda não declararam publicamente o valor dos ativos a serem transferidos.

Para se ter uma ideia da escala desta sangria financeira de 890 mil milhões de euros, Portugal deverá criar 210 mil milhões de euros de riqueza este ano, sendo necessários mais de quatro anos do PIB português para igualar esta fuga de ativos da quinta maior economia mundial.

Quem é que vai beneficiar com esta fuga? Para já, a cidade alemã de Frankfurt aparenta ser a grande beneficiária, pois deverá receber um total de 800 mil milhões de euros de ativos, de acordo com uma outra estimativa da EY, também citada pela Bloomberg.

Mas as más notícias para o Reino Unido e Londres, em particular, não ficam por aqui. A capital britânica poderá vir a perder mais de sete mil postos de trabalho. Estes trabalhadores poderão ser transferidos para novos escritórios das suas empresas, mas as companhias estão a tentar contratar localmente para poupar nos custos de deslocações de pessoal. Somente trabalhadores considerados essenciais é que são transferidos de Londres para outros países. Neste sentido, cerca de dois mil novos postos de trabalho no setor financeiro foram já criados em Paris, Frankfurt e Dublin, entre outras cidades da União Europeia.

Setor automóvel britânico prepara-se para o “pior cenário possível”

As empresas do setor industrial também se estão a preparar para a saída britânica do bloco comunitário. Em particular a do setor automóvel que emprega um total de 850 mil trabalhadores.

A produtora automóvel britânica Aston Martin já elaborou um plano de contingência para o caso de uma saída sem acordo. “Temos de nos preparar para o pior cenário possível”, resumiu o presidente executivo da Aston Martin, Andy Palmer, em declarações à Reuters.

O plano inclui a importação para o Reino Unido de componentes, ou peças, para a produção através do transporte aéreo. Além do mais, a Aston Martin também se está a preparar para usar outros portos marítimos além do de Dover.

Outras empresas do setor automóvel também se adaptam, de maneiras mais ou menos radicais. A Vauxhall-Opel, detida pela francesa PSA, anunciou que vai despedir 241 trabalhadores na sua fábrica de Ellesmere Port até ao final de 2019. Já a alemã BMW, que produz a marca Mini e Rolls-Royce, antecipou a sua paragem anual de manutenção do verão para abril. A marca de Munique também já começou a procurar por mais armazéns no Reino Unido, para aumentar o stock de automóveis e componentes, avança a Bloomberg.

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