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Brexit: uma cimeira sobre o fator tempo

“O acordo é dramático para o Reino Unido”, diz o analista político e embaixador Francisco Seixas da Costa, para quem os 27 Estados-membros já não têm mais nada a oferecer aos britânicos.
23 Novembro 2018, 12h30

A não ser que, no próximo domingo, em Bruxelas aquando da cimeira especial sobre o Brexit os 27 Estados-membros tenham a capacidade de oferecer à primeira-ministra Theresa May alternativas que lhe permitam acalmar o estado de sítio que tomou conta da Câmara dos Comuns britânica quando ali foi apresentado o acordo de saída, o encontro servirá apenas para cumprir calendário. Ou para ganhar tempo, sendo que, aparentemente, as duas partes estão apostadas nisso mesmo: ganhar tempo.

“Confio e espero que o processo democrático interno ao Reino Unido se realize de forma a que o Reino Unido possa subscrever o acordo de saída, para que o Brexit seja ordenado, seja suave e contenha um período de transição de mais de ano e meio para que possamos negociar com tempo o futuro relacionamento”, declarou esta semana o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, no final de um Conselho de Assuntos Gerais dedicado ao Brexit.

Dias antes, em Londres, Theresa May explicava aos deputados em rebuliço – os da oposição, os que fazem parte da coligação governamental e os do seu próprio partido – que o acordo com que acabava de chegar de Bruxelas tinha como uma das suas principais virtudes ganhar tempo para que os continentais e os britânicos pudessem chegar a um acordo satisfatório sobre a questão da fronteira entre as duas Irlandas. E que, dizia May, se essa solução não fosse para já ou qualquer outro tema acrescentasse mais areia à engrenagem, o acordo previa a extensão do período transitório antes da saída definitiva. Mais tempo, portanto.

Francisco Seixas da Costa, analista político e embaixador, tem muitas dúvidas de que a cimeira do próximo domingo sirva para entregar a Theresa May qualquer novidade que lhe sirva para convencer os parlamentares britânicos da bondade do acordo. Até porque, diz, “o acordo é dramático para o Reino Unido, é uma derrota em toda a linha – é para mim uma surpresa ver-me confrontado com algo que é a tradução da incapacidade britânica de negociar o entendimento com os 27”.

 

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