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Especial 2018: Brilho de 2017 continua depois das 12 badaladas?

O índice nacional vai prolongar os ganhos no Ano Novo, segundo os analistas. No entanto, a desaceleração da economia pode ser um entrave.
  • John Gress/Reuters
31 Dezembro 2017, 14h30

Os investidores em ações portuguesas vão continuar a ter razões para sorrir em 2018. Após um ano de ganhos, a Bolsa de Lisboa poderá subir até 15%, estimam os analistas, e igualar a valorização de 2017.

Tal como no ano que termina, os principais motores deverão ser o crescimento económico global, a que Portugal não escapa, e o reforço da confiança de investidores e agências de rating. “2017 representou uma recuperação da evolução dos resultados das empresas na Europa que registou o ritmo mais elevados dos últimos quatro ou cinco anos”, explicou João Queiroz, diretor da banca online do Banco Carregosa, que antecipa que o índice termine o próximo ano num intervalo entre 5.250 e 6.150 pontos.

“Embora para 2018 exista uma maior probabilidade de abrandamento, a evolução das variáveis macroeconómicas e da conjuntura global ainda podem ser consistentes com crescimentos entre 10% e 15% o que se refletiria nas cotações”, afirmou.

O desempenho da economia nacional e a execução orçamental levaram, em 2017, à subida do rating de Portugal por duas agências de notação financeira. Depois da Standard and Poor’s e da Fitch, a Moody’s deverá seguir os passos das pares em 2018, sendo que a equipa de research do BiG – Banco de Investimento Global considera o risco soberano como um fator fundamental para as cotadas portuguesas. “O setor financeiro é o mais exposto a este risco devido á exposição que tem a activos soberanos. Nesta altura a nossa perspetiva é relativamente positiva neste campo”, referiu. Adiantou que os fatores que têm ajudado ao momento favorável do país deverão persistir.
“Não obstante, pensamos que este quadro macroeconómico amplamente favorável a Portugal já estará em grande parte descontado nos preços atuais, pelo que dificilmente o índice PSI-20 ostentará uma outperformance similar ao que apresentou em relação aos pares europeus em 2017”, acrescentou, apontando que o PSI 20 valorize entre 7% e 15%, em 2018.

Filipe Garcia, economista e presidente da IMF – Informação de Mercados Financeiros, que vê o índice a subir para os 5.750 pontos, lembra também que o ciclo de crescimento já dura há vários anos, considerando que “uma recessão nos próximos 12 a 36 meses é praticamente inevitável”.

Além do risco de desaceleração do crescimento económico, a zona euro vai ainda ter de lidar as alterações de política monetária pelo Banco Central Europeu. “Muitos analistas consideram que a subida generalizada dos preços dos ativos se deveu às políticas monetárias expansionistas, pelo que será interessante analisar como os mercados vão reagir à reversão – ainda que gradual – desses estímulos”, acrescenta Garcia.

Os analistas são consensuais que a política orçamental portuguesa deverá conseguir resistir a potenciais choques em 2018, mas sublinham que o PSI 20 continua a ter outras fragilidades. O índice continua a não ter o número de cotadas que lhe dá nome e luta por manter o interesse de empresas e investidores.

“Infelizmente não existe uma grande representatividade do setor que mais contribui atualmente para o crescimento interno (turismo), ainda assim acreditamos numa boa performance do índice PSI20”, sublinhou Francisco Veiga, gestor de portefólio da Orey iTrade, prevendo que a Bolsa de Lisboa ganhe 10% para 5.900 pontos, nos próximos 12 meses.

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