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Brisa espera propostas vinculativas até 8 de abril

‘Due diligences’ dos candidatos à compra da Brisa acabam esta sexta-feira. Chineses e espanhóis posicionam-se para comprar até 80% da empresa.
5 Abril 2020, 13h30

Na próxima semana terá início uma nova fase no processo de venda de até 80% da Brisa. Depois de terem realizado as due diligences até esta sexta-feira, os interessados à compra da concessionária rodoviária que pertence ao Grupo José de Mello e ao fundo Arcus têm até ao dia 8 de abril para apresentar propostas vinculativas, apurou o Jornal Económico (JE) junto de fontes próximas ao processo. Contactada pelo JE, fonte oficial do Grupo José de Mello disse que não presta declarações sobre a operação.

Aquele que promete ser um dos negócios do ano em Portugal não se encontra assim em suspenso e está dentro do calendário estipulado apesar dos impactos do coronavírus.

Segundo noticiou o jornal espanhol “El Economista”, em janeiro, terão passado à segunda fase do negócio – que culminou com a realização da due diligence – sete propostas para a compra da Brisa que gere mais de 1.505 km de autoestradas em Portugal através de seis concessões rodoviárias, segundo dados oficiais.

Ainda segundo esta publicação terão caído, entretanto, as propostas da espanhola Roadis, do fundo australiano Macquarie e dos fundos de pensões canadianos CDPQ e CPPIB. Também a japonesa Marubeni terá saído do processo, apurou o JE.

Há três empresas espanholas na corrida. A Aleatica, a Abertis e a Globalvia, sendo que esta última controla 96% da autoestrada A4 de 194 km, entre Vila Real e Bragança, e 100% da A23 de 198 km, entre Abrantes e a Guarda. Ao entrar na Brisa, a Globalvia duplicaria a rede de autoestradas que tem sob gestão que somam 1.500 km em autoestradas em Portugal, Espanha, Chile, Irlanda, México, Estados Unidos e Costa Rica.

Entre os interessados encontram-se ainda, segundo aquela publicação, o consórcio formado pela francesa Ardian e a italiana Gavio, o fundo de pensões holandês, APG, e um consórcio chinês que, segundo a “Bloomberg” e a “Mergermarket”, é formado pela China State Construction Engineering, o fundo de investimento chinês CNIC Corp e o Fundo Chinês de Desenvolvimento de Cooperação com Países Lusófonos. Fontes próximas ao processo revelaram que o JE que o consórcio chinês estará muito empenhado na compra.

A operação inicialmente estava avaliada em mais de 2,5 mil milhões de euros, mas o valor das propostas deverá entretanto ser ajustado às atuais expectativas de tráfego e ao atual contexto de Estado de Emergência.

Como é já conhecido a reposição do equilíbrio financeiro previsto nos contratos de concessão, devido à queda do tráfego, ficou temporariamente limitado por decreto presidencial. Assim as limitações à circulação, no âmbito do Estado de Emergência, poderão mesmo pressionar o preço da venda da Brisa.

O decreto do Presidente da República de renovação Estado de Emergência prevê que pode ser temporariamente “limitado o direito à reposição do equilíbrio financeiro de concessões em virtude de uma quebra na respectiva utilização decorrente das medidas adotadas no quadro do Estado de Emergência”.

Segundo o “Jornal de Negócios”, as concessionárias já notificaram o Instituto da Mobilidade de Transportes e a Infraestruturas de Portugal no sentido de não lhes ser imputado o incumprimento de algumas obrigações e de reposição do equilíbrio financeiro dos contratos devido à queda do tráfego – direito esse que, à luz do decreto presidencial, está temporariamente limitado.

De acordo com o Ministério das Infraestruturas e da Habitação, o tráfego nas autoestradas nacionais caiu 75% entre 14 março e 22 de março. A utilização das autoestradas é pró-ciclíca e portanto acompanha a evolução do PIB. Uma recessão severa diminui a perspetiva de tráfego no futuro e os candidatos terão esse facto em conta nas suas avaliações da Brisa. O Grupo José Mello decidiu vender parte da sua participação na Brisa, num processo de venda conjunto com o fundo Arcus, através da venda de dois blocos acionistas, representativos, cada um, de cerca de 40% .

Artigo publicado no Jornal Económico de 03-04-2020. Para ler a edição completa, aceda aqui ao JE Leitor

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