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Bruxelas lamenta atraso nas negociações sobre orçamento comunitário: “São sempre complexas mas desta vez são mais”

Gert Jan Koopman diz que os líderes da União Europeia estão “mais atrasados do que alguma vez estiveram”. O Conselho Europeu convocou uma reunião extraordinária para dia 20 de fevereiro, mas o diretor geral do orçamento admite que se chegou a um ponto de se colocar a questão: “E se não se chegar a acordo?”.
28 Janeiro 2020, 17h06

A Direção Geral de Orçamento da União Europeia (UE) disse esta terça-feira que as negociações sobre o Quadro Financeiro Plurianual (QFP) – o orçamento comunitário 2021-2027 – estão “mais atrasadas do que alguma vez estiveram”.

“As negociações sobre o orçamento a sete anos estão a decorrer de forma ainda mais complexa. São sempre negociações complexas e, desta vez, ainda são mais devido ao Brexit, que significa que há um gap financeiro de cerca de 7 mil milhões de euros”, explicou Gert Jan Koopman, diretor geral, aos jornalistas, em Bruxelas.

Além disso, Gert Jan Koopman refere que existem outras linhas orientadoras “importantes” da política da UE, como o clima, a migração ou a defesa. “Temos um mundo menos seguro do que era antes e isso afeta as políticas mundiais. Ou seja, vemo-nos confrontados com menos dinheiro e novas prioridades, o que dificulta”, argumentou o porta-voz da Comissão Europeia, em declarações aos meios de comunicação social portugueses.

Para o diretor geral da Direção Geral de Orçamento, este cenário poderá comprometer, por exemplo, a execução dos programas, as políticas de coesão ou mesmo o valor das contribuições dos Estados-membros para o bloco europeu. “Estamos muito muito atrasados nestas negociações e devíamos pensar para nós: o que acontecerá se não chegarmos a um acordo? O melhor resultado a que podemos chegar é que não teremos políticas modernas, não teremos cortes nas contribuições”, afirmou, sublinhando, no entanto, que acredita que se poderá chegar a um acordo.

O Conselho Europeu de ‘luz verde’ para avançar com as negociações sobre o orçamento de longo prazo a 12 de dezembro de 2019 mas, cerca de um mês depois, convocou uma cimeira extraordinária para 20 de fevereiro de 2020, de forma a tentar reunir consenso entre os líderes europeus.

“Qualquer atraso criaria sérios problemas práticos e políticos e colocaria em risco a continuação dos programas e políticas atuais, bem como o lançamento de novos”, referiu o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, na convocatória enviada os chefes de Governo e de Estado da UE. Mesmo que se chegue a acordo no próximo mês, o Parlamento Europeu ainda se irá pronunciar.

*A jornalista viajou para Bruxelas a convite da representação portuguesa da Comissão Europeia e do Parlamento Europeu

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