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Caixa Geral de Depósitos com lucros de 81 milhões no trimestre

A CGD viu os lucros caírem 6,5% no primeiro trimestre face ao período homologo. A crise deu 59,6 milhões de imparidade ao banco. O rácio de NPL (malparado) líquido está em 0%.
  • António Cotrim/Lusa
13 Maio 2021, 17h57

No primeiro trimestre, depois do fim do Plano Estratégico, o resultado líquido consolidado da CGD atingiu os cerca de 81 milhões de euros (86 milhões no período homólogo), o que incorpora os custos regulatórios de 2021 (incluindo o adicional do sector bancário), que teve um impacto de 52,7 milhões de euros. O resultado do primeiro trimestre é equivalente a uma rentabilidade dos capitais próprios (ROE) de 4,2%.

O banco registou um reforço de imparidades de crédito de 59,6 milhões de euros. Incluindo a imparidade de crédito líquida de recuperações de 35,9 milhões de euros.

O custo de risco de crédito atingiu 0,29%, fruto do reforço preventivo de imparidades e provisões em 59,6 milhões de euros, por antecipação dos efeitos potenciais da pandemia Covid-19 na qualidade do crédito. O banco relata que “a imparidade de crédito líquida de recuperações registou 35,9 milhões de euros, um acréscimo de 26,5 milhões face ao trimestre homólogo do ano anterior, o que se traduziu num custo de risco de crédito de 29 p.b. que compara com 7 pb nos primeiros três meses de 2020”.

Este reforço das imparidades de crédito é feito como medida preventiva para os eventuais impactos do contexto económico na qualidade da carteira de crédito (nomeadamente com o fim das moratórias), “atendendo a que até à data não existem sinais de deterioração da mesma”. Deste modo, e considerando o reforço já efetuado em 2020, a CGD tem no seu balanço cerca de 370 milhões de euros de imparidades preventivas para fazer face aos potenciais impactos na qualidade da carteira de crédito.

Os custos de estrutura recorrentes apresentam uma redução de 6% face ao primeiro trimestre de 2020, para 231 milhões. Os níveis de eficiência pioram ligeiramente para um pelo rácio cost-to-income de 50,6% no consolidado e 50,7% na atividade doméstica. Nos primeiros três meses de 2021, os custos de estrutura totalizaram 180,1 milhões de euros (-14,1%), uma evolução positiva face ao trimestre homólogo do ano anterior impactada pela diminuição dos gastos gerais administrativos e dos custos com pessoal. “Esta rúbrica inclui em março de 2021 um custo não recorrente de 34,1 milhões de euros para os programas de pré-reformas e rescisões por mútuo acordo, por contrapartida da utilização de provisão constituída em 2017 para este efeito” referiu a CGD.

Ainda na conta de resultados, a margem financeira de 233 milhões de euros subiu 11,5% face ao mesmo período do ano anterior, impactada pelos níveis historicamente baixos das taxas de juro. Em Portugal a margem desceu 10,7% para 149 milhões.  Relativamente às comissões líquidas, foi registado um aumento de 2,2% face ao período homólogo, para 125 milhões, sobretudo devido à gestão de ativos.

No produto bancário, o comportamento das rubricas de resultados de operações financeiras foi positivo (+12,7 milhões de euros o que traduz uma subida de 38,9% nas contas consolidadas), assim como os resultados de serviços e comissões, mas não foi suficiente para reverter o efeito negativo da evolução da margem financeira e dos outros resultados de exploração. Paulo Macedo, CEO da CGD fez questão de referir, na conferência de imprensa, o difícil contexto de exploração do sector bancário que se traduz na baixa rentabilidade da banca.  Dizendo que se caminha para uma situação em que “a banca quanto mais cresce o volume de negócios mais prejuízos tem, se não tiver o mix de negócios certo”, disse.

O contributo da atividade doméstica para o resultado líquido do Grupo CGD foi de 51,2 milhões de euros no primeiro trimestre de 2021, o que compara com 63,8 milhões de euros no mesmo trimestre do ano anterior.

Os resultados da atividade internacional sobem 32% para 29,5 milhões de euros, refere o banco. Os principais contributos para o resultado da atividade internacional no primeiro trimestre de 2021 foram provenientes do BNU Macau (12,6 milhões de euros), do BCI Moçambique (5,7 milhões de euros), e do Banco Caixa Geral – Angola (3,0 milhões de euros).

No balanço, os recursos totais de clientes cresceram 7,2 mil milhões de euros na atividade doméstica (na atividade consolidada subiram 2,8% ou dois mil milhões). O total de recursos captados na atividade doméstica ascendeu a 80.933 milhões de euros no final de março de 2021, o que representou um aumento de 9,8% face ao período homólogo do ano anterior. Salienta-se o comportamento dos depósitos na atividade doméstica (que subiu 6.707 milhões de euros, ou + 11,7%).

Os depósitos de clientes aumentaram 6,5 mil milhões de euros (+9,7% no primeiro trimestre de 2021,) evolução essencialmente justificada pela captação da CGD Portugal, impulsionada pelo aumento da taxa de poupança das famílias no contexto do confinamento da economia.

A Caixa apresenta no trimestre um aumento de 4,4% do crédito em Portugal a empresas  (sem incluir crédito à construção e imobiliário) para 9,4 mil milhões. O crédito a clientes em Portugal subiu 1,2% para 44 mil milhões de euros. Na produção de crédito à habitação a CGD manteve a tendência de aumento da quota de produção que atingiu nos trimestres anteriores. Face ao primeiro trimestre de 2020, o crescimento em termos de nova produção foi de 34,8% no número de operações e de 42,9% no montante concedido, “resultando na liderança do mercado com uma quota de nova produção de 25%.

A CGD destacou a continuação na melhoria da qualidade dos ativos, com o rácio de Non-Performing Loans (NPL) a reduzir para 3,6% o que, a par do reforço de imparidades, permitiu atingir um rácio de NPL líquido de imparidades de 0%. O nível de cobertura é de 63,6% por imparidades. Incluindo todo o stock de imparidades a cobertura é de mais de 100%, frisou José de Brito, CFO do banco. A Caixa destacou o reforço da cobertura total por imparidades para 102,5%. O rácio de NPE  (bruto) está em 2,8%, o que compara com 3,6% no período homólogo.

No que toca aos imóveis detidos para venda, o banco viu cair o valor em 1,1% para 466 milhões de euros, com reforço de cobertura por imparidades para 53%. Em termos propriedades de investimento e fundos de reestruturação a CGD praticamente manteve os valores de dezembro, sendo de 191 milhões e 442 milhões de euros, respetivamente.

Os rácios de capital atingiram 18,1% no capital core (CET1) e 20,6% no capital total, “já deduzido do dividendo previsto sobre o resultado de 2020 e cumprindo confortavelmente os requisitos de capital em vigor para a CGD”, refere o banco.

(Atualizada)

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