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Caixa reduz prejuízos para 50 milhões de euros no 1º semestre

Prejuízo foi reduzido em 75% no primeiro semestre de 2017, face a igual período de 2016. A CGD reduziu as imparidades para 55 milhões e conteve o custo do risco do crédito.
  • Cristina Bernardo
28 Julho 2017, 18h16

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) reduziu os prejuízos consolidados em 75,6% no primeiro semestre deste ano, face a igual período de 2016, beneficiando de uma melhoria acentuada dos resultados de exploração e impactado por custos não recorrentes de 366 milhões.

O resultado líquido da CGD no semestre foi negativo de 49,9 milhões de euros o que compara  205,2 milhões de prejuízo em junho de 2016.

Sem surpresas, o contributo da atividade doméstica para o resultado da CGD foi negativo de 169,5 milhões, mas ainda assim menos negativo do que um ano antes.

Em comunicado divulgado através da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o banco do Estado informa que o produto bancário da atividade cresceu 57%, no período em análise, para 1.154 milhões de euros. A margem financeira tem vindo a subir todos os trimestres e no segundo trimestre não foi exceção e subiu ligeiramente face ao trimestre anterior.

O cancelamento dos CoCo´s de 900 milhões ajudou à margem financeira.

Contrariamente à subida da margem, as comissões mantiveram-se no semestre praticamente ao mesmo montante de junho de 2016. Paulo Macedo aproveitou o tema para reagir às críticas à subida das comissões. “A Caixa cobra metade das comissões dos outros bancos, o plano estratégico prevê mais 25 milhões de euros em comissões mas são outras comissões, de seguros, garantias bancárias, de cofres, fundos”, disse o presidente da CGD.

Os resultados de operações financeiras, que em junho de 2016 tinham sido negativos, foram de 276 milhões de euros. O banco explicou que no semestre em vendas de obrigações soberanas (Portugal sobretudo mas não só) deu uma receita ao banco de 9 milhões de euros.

O resultado de exploração aumentou 76%, para 303 milhões de euros, beneficiando de um crescimento de 18% da margem financeira, para 656 milhões de euros e pela redução dos custos de estrutura recorrentes.

Estes resultados, no entanto, estão expurgados dos “custos não recorrentes“ dos programas de redução de pessoal em 2016 e 2017.

O rácio de eficiência (cost-to-income) excluindo custos não recorrentes ficou-se em 50%, mas o cost-to-income com tudo (receitas e custos) é de 66%.

Os principais contributos da atividade internacional são precisamente dos bancos em mercados que a CGD quer sair. O BNU Macau deu 29 milhões, a sucursal de França deu 21 milhões, o BCG Espanha deu 13 milhões, o BCGD Angola deu 12 milhões e o BCI Moçambique deu sete milhões ao lucro consolidado. Uma vez que a CGD quer deixar de estar em Macau, Cayman, Londres, Brasil, África do Sul e Espanha, restam Angola, Moçambique e França a contribuir futuramente para o resultado consolidado.

O crédito a clientes bruto caiu 4,9%, para 65.366 milhões de euros, incluindo créditos com acordo de recompra. O credito a empresas caiu 8,6% e o crédito a particulares desceu 2,3%. O crédito a clientes líquido baixou 3,8% no banco que tem uma quota de mercado de 21,5%.

O banco apresentou no semestre um acréscimo de imparidades para crédito (líquida) de 55 milhões de euros, o que representa uma queda de 81,9% face aos 301,8 milhões de junho de 2016. Esta redução traduziu-se no custo do risco de crédito que caiu de 0,86% em junho de 2016 para 0,16% neste semestre.

Os créditos problemáticos (NPE) e os créditos vencidos (NPL) caíram numa análise anual. Os NPE passaram de 12,1% da carteira de crédito em junho de 2016 para 10,7% em junho deste ano. Já o malparado pesava 15,8% em junho do ano passado e neste semestre foi de 13,6%. As coberturas por provisões estão nos 52,1% para os NPE e para os NPL.

Já o crédito em risco, medido pela métrica do Banco de Portugal fixou-se em 9,8% (abaixo dos 10,5% de dezembro) e tem cobertura a 76,7%.

As provisões e imparidades atingiram no semestre 398,5 milhões (+21% do que no período homólogo do ano anterior), para o que contribuiu o montante de provisões e imparidades de outros ativos ((líquido) de 343,7 milhões, dos quais 322 milhões são de natureza não recorrente, pois estão relacionadas com a reestruturação e venda de atividades internacionais.

Ainda do lado do balanço, o banco foi durante o semestre impactado pelas operações de recapitalização referidas, que constituíram a principal causa  para o aumento do ativo líquido verificado (+2.461 milhões de euros face a dezembro).

Os recursos de clientes caíram 3,5% num ano para 69.915 milhões de euros. Mas os depósitos de clientes em Portugal subiram 2,6% (+1.397 milhões de euros).

O rácio de transformação de depósitos em crédito está nos 86,9%, isto é o banco recebe mais depósitos do que concede crédito.

O indicador de liquidez (LCR) está muito acima do mínimo legal (está nos 222%).

Os impostos pagos pela CGD somaram até junho 166 milhões de euros, dos quais 36,9 milhões foi a contribuição especial para o setor bancário.

O rácio de capital Common Equity Tier 1, tema importante na CGD, chegou a junho nos 12,5%, na versão fully loaded (com todas as regras de Basileia II em vigor).

(atualizada)

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