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“Calibração”, o termo de Draghi para sinalizar extensão dos estímulos

BCE acredita que vai estar preparado para apresentar um plano de abandono do programa de compra de ativos em outubro, mas vai continuar a acompanhar a evolução da inflação (revista em baixa), do crescimento económico (revisto em alta) e das taxas cambiais.
  • Kai Pfaffenbach/Reuters
7 Setembro 2017, 14h44

Mais otimista em relação à economia europeia e menos sobre a inflação, o Banco Central Europeu (BCE) vai decidir as alterações aos atuais instrumentos de política monetária na próxima reunião do Conselho de Governadores, a 26 de outubro. O presidente da instituição, Mario Draghi, reafirmou que o programa de compra de ativos continua a ser necessário para suportar a retoma da zona euro, esta quinta-feira, na conferência de imprensa que se seguiu à reunião.

“Este outono, vamos decidir a calibração dos instrumentos além do final deste ano, tendo em consideração o caminho esperado da inflação e as condições financeiras necessárias para um retorno sustentado das taxas de inflação para valores abaixo, mas próximos de 2%”, disse Draghi.

O presidente deixou em aberto se as medidas de política monetária não convencionais vão continuar em 2018, mas manteve o discurso sobre o banco central estar preparado para prolongar o programa de compra de ativos. A um ritmo atual de 60 mil milhões de euros por mês, os estímulos estão marcados até ao final deste ano.

No entanto, o BCE já referiu que o fim do programa não vai abrupto, dando a entender que irá reduzir gradualmente a aquisição de ativos. Sobre o timing do anúncio dos detalhes, Draghi acrescentou que o Conselho de Governadores o vai fazer quando sentir que é momento certo “e em outubro devemos estar preparados”, mas se não estiverem, terá de ficar para dezembro, salientou.

Volatilidade do euro preocupa BCE

A pesar na decisão vai estar a evolução dos três parâmetros centrais na reunião: crescimento económico, inflação e euro. Apesar de Mario Draghi ter frisado que o mandato do BCE não se foca no valor da moeda única, mostrou preocupações sobre o assunto dada o impacto que tem na inflação e empresas exportadoras europeias.

“A expansão económica, que acelerou mais que o esperado na primeira metade de 2017, continua sólida e abrangente aos vários países e setores. Ao mesmo tempo, a recente volatilidade nas taxas de câmbio representam uma fonte de incerteza, que requer monitorização devido às possíveis implicações no outlook para a estabilidade dos preços a médio prazo”, disse Draghi.

A moeda única valorizou 13% face ao dólar este ano, levando o Conselho de Governadores a rever em baixa as expetativas em relação à inflação. Os dados provisórios indicam que a inflação na zona euro tenha acelerado para 1,5% em agosto, enquanto o BCE espera que a taxa fique em 1,5% este ano, 1,2% no próximo e 1,5% em 2019.

Economia europeia cada vez mais robusta

O BCE reviu também as estimativas para o crescimento económico, desta vez de forma mais otimista. O Produto Interno Bruto (PIB) da zona euro, segundo a estimativa do BCE, deverá acelerar 2,2% em 2017, 1,8% no próximo ano e 1,7 no seguinte.

“Os riscos em torno das perspetivas de crescimento da zona euro continuam amplamente equilibrados. Por um lado, o atual impulso cíclico positivo aumenta as hipóteses de um crescimento económico mais forte do que o esperado. Por outro lado, os riscos negativos continuam a existir, principalmente relacionados a fatores globais e evolução nos mercados cambiais”, acrescentou Draghi.

No comunicado emitido antes da conferência de imprensa, o BCE já tinha anunciado que as taxas de juro na zona euro se mantêm inalteradas e em mínimos históricos. A taxa de juro diretora fica em em 0%, um nível em vigor desde março do ano passado, enquanto a taxa de juro aplicável à facilidade de depósito permanece nos -0,40% e a taxa aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez em 0,25%.

“O Conselho do BCE espera que as taxas de juro diretoras do BCE permaneçam nos níveis atuais durante um período alargado e muito para além do horizonte das compras líquidas de ativos”, referiu o banco, confirmando as expetativas dos analistas.

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