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Candidatos ao Óscar de melhor filme estrangeiro condenam “clima de fanatismo” nos EUA

Os realizadores emitiram um comunicado no qual alertam para o fanatismo e nacionalismo que se vê nos EUA e noutros países. “Recusamos pensar em termos de fronteiras”, escreveram os cineastas.
25 Fevereiro 2017, 17h41

Os realizadores dos cinco filmes candidatos ao galardão de melhor filme estrangeiro condenaram enfaticamente “o clima de fanatismo e nacionalismo”  que vêem nos Estados Unidos e em muitos outros países, “em parte da população e, infelizmente, dos líderes políticos”.

Entre os realizadores está o iraniano Asghar Farhadi , que anunciou em janeiro que não vai estar presente na cerimónia dos Óscares em Los Angeles amanhã, após Donald Trump ter decretado a proibição da entrada nos EUA de pessoas oriundas de sete países maioritariamente muçulmanos, incluindo o Irão. A proibição foi entretanto suspensa pelos tribunais, mas Farhadi manteve a sua decisão. O realizador está nomeado com a obra ‘O Vendedor’ para um prémio que já venceu em 2013 com ‘A Separação’.

Os outros concorrentes ao Óscar da categoria são a alemã Maren Ade com o filme ‘Toni Erdmann’, o sueco Hannes Holm com ‘En man som heter Ove / A Man Called Ove’, o dinamarquês Martin Zandvliet com  ‘Land of Mine’ e os australianos Bentley Dean e Martin Butler com ‘Tanna’. Os cineastas puseram de lado a corrida ao Óscar, frisando que qualquer que seja o vencedor “recusamos pensar em termos de fronteiras”.

“O medo gerado ao dividir-nos em géneros, cores, religiões e orientações sexuais como forma de justificar a violência destrói as coisas das quais dependemos – não só como artistas mas como humanos: a diversidade de culturas… Esses muros divisívos impedem as pessoas de experienciar algo simples, mas fundamental: descobrir que não somos todos tão diferentes,” acrescentaram.

Os artistas questionaram o papel que o cinema poderá ter no contexto atual. “Não queremos sobre-estimar o poder dos filmes, mas acreditamos que nenhum outro meio pode oferecer um olhar tão profundo para as circunstâncias das outras pessoas e transformar os sentimentos de estranheza em curiosidade, de empatia em compaixão – mesmo para aqueles que nos dizem devem ser os nossos inimigos”.

A mensagem termina com o anuncio que o Óscar da categoria vai ser dedicado “aos artistas, jornalistas e ativistas que trabalham para fomentar a união e o entendimento, e que defendem a liberdade de expressão e a dignidade humana – valores cuja proteção é hoje mais importante do que nunca”.

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