1. Quando se pensa em empresas com potencial e a trabalhar em sectores que estão em crescimento, caso da Dielmar, há um segundo pensamento imediato: a solução do capital de risco.

Informações publicadas na comunicação social dão conta de meia dezena de empresários/grupos interessados naquela companhia, hoje em sérias dificuldades e na qual os contribuintes já gastaram oito milhões de euros e a edilidade investiu muito dinheiro com o pagamento de serviços básicos para a empresa operar.

A gestão ruinosa desde há 10 anos levou a companhia a uma situação de quase não retorno, mas o que acontece é que o problema não está no mercado, mas na forma como se gere. E dentro das soluções, aquilo que gestores como António José Cardoso defendem é um modelo que coloque fundos, qualquer coisa como dois milhões de euros, crie uma nova dinâmica de gestão limpa e, dentro de três, quatro anos, possa devolver o investimento. Sendo uma das soluções sobre a mesa o capital de risco.

Claro que terá de haver cedências por parte da massa insolvente e dos trabalhadores, mas a alternativa é a interrupção da laboração. Obviamente que a gestão não pode ficar impune, comparando aquilo que é o património pessoal dos responsáveis e a situação da empresa.

Dos 700 mil euros de faturação ao semestre, esta companhia tem a possibilidade de chegar aos 14/15 milhões de euros a três, quatro anos. Relevante para a nova gestão é encontrar um grande cliente que absorva 90% da produção e o resto deixar para o retalho e lojas próprias.

2. Uma notícia do JN/DN dava conta que o Governo estaria a ponderar manter congeladas as rendas antigas.

À primeira vista até parece uma medida acertada, uma vez que ainda não saímos da situação de pandemia e há famílias debilitadas que arriscam ficar sem casa. Mas a história é mais antiga e remonta ao período da troika, com a governação de Passos Coelho e Cristas, quando a Lei 31/2012 permitiu que os senhorios fizessem propostas aos arrendatários de rendas antigas propondo a atualização.

O inquilino respondia se concordava e se tinha, ou não, rendimento para pagar aquilo que lhe estava a ser proposto. A regra era de que haveria um período transitório de negociação de cinco anos, e no final daquele período os proprietários passariam a receber 6,6% do valor tributário do prédio, algo que lhes agradava.

Ainda com Passos Coelho, e em 2015, foi feita uma modificação à regra com o Estado a avançar com um subsídio de renda para quem demonstrasse não poder pagar. Acontece que entrou o Governo de Costa e o prazo dos cinco anos passou para oito e depois para 10 anos, e agora aquilo que se comenta é que a situação de indefinição é para continuar.

O momento da pandemia permite tudo, mas todas estas indefinições afetam os pequenos proprietários, não os fundos de investimento, e muitos daqueles têm menos recursos do que os inquilinos. A medida é eleitoralista e deita por terra o objetivo da equidade.

3. O CEO da Ryanair deu uma conferência de impressa a atacar a TAP e o modelo de gestão e ainda a postura do Governo na subsidiação. O ataque visa libertar slots da TAP que não os utiliza. Mas se a TAP está em reestruturação, tem dificuldades, tem aviões em leasing, não é dona de infraestruturas, e os únicos bens que possui é passageiros, rotas e slots, o que significa que entregar qualquer um destes ativos é acelerar a queda vertiginosa. A TAP precisa destes ativos para procurar uma solução, inclusive para uma eventual parceria.