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Cápsula do tempo: Protocolo de Quioto, o acordo que ia limpar o mundo

Depois de muita discussão, o protocolo entrou em vigor a 16 de fevereiro de 2005. Os mais cépticos duvidaram da sua eficácia. Como sempre, tinham razão.
16 Fevereiro 2017, 07h30

Era o acordo que iria mudar o mundo – ou, pelo menos que o iria tornar mais habitável: o Protocolo de Quioto – que, entre outras matérias, propunha a drástica redução da emissão de CO2 para a atmosfera – entrou em vigor no dia 16 de Fevereiro de 2005, depois de uma discussão planetária que se iniciou em 1997. Os festejos pela ratificação do protocolo ocorreram em várias partes do mundo, mas os mais cépticos olharam para elas com alguma reserva.

Não era para menor: os Estados Unidos, que eram ‘só’ o maior poluidor do mundo – com a China a ‘queimar etapas’ todos os dias – não quiseram saber de acordo nenhum, de onde resultava que Quioto estava, à partida, condenado a, quando muito, atingir objectivos menores. Depois veio a ‘invenção’ da bolsa de carbono: basicamente, era uma forma de os países pobres, que não tinham como atingir as suas quotas de emissão de CO2 a que tinham direito, transferirem essas quotas para os países ricos.

Anos mais tarde, vários países que ratificaram o acordo – desde logo o Japão, ‘casa-mãe’ da assinatura do Protocolo – admitiram que não conseguiriam cumprir as metas acordadas. Mais recentemente ainda, ficou claro que a bolsa de carbono não passou de um embuste para rodear a continuada emissão ‘assassina’ de CO2 para a atmosfera por parte de alguns países”.

Nem tudo foi mau: a dependência mundial dos combustíveis fósseis baixou ligeiramente e as expressões ‘energias renováveis’ ou ‘energias limpas’ passaram a fazer parte do léxico geral, principalmente das novas gerações; e a indústria automóvel, a contra-gosto, lá admitiu deixar de bloquear constantemente as pesquisas científicas em torno da substituição dos motores de explosão por maquinaria ao mesmo tempo menos poluente e mais eficaz.

Mas, como ficou patente na Conferência do Clima (Paris, em Dezembro de 2015), continua a estar quase tudo por fazer – e genericamente o mundo está tão irrespirável como há uma década atrás.

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