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Carlos César pressiona PCP e BE: “Sentem-se melhor a fazer oposição ou a fazer acordos?”

O presidente socialista entrou hoje em jogo para pressionar os bloquistas e comunistas nas negociações para a viabilização do OE2022, defendendo a posição do PS de não ceder nos seus princípios.
  • O presidente do PS, Carlos César em conversa com o secretário-geral do partido, António Costa
22 Outubro 2021, 11h00

Com a aproximação do dia da votação do Orçamento de Estado para 2022 (OE2022), decorrem ainda as negociações do Governo à esquerda. Apesar de António Costa manter-se otimismo quanto à sua viabilização, através de um acordo com o Bloco de Esquerda, o Partido Comunista e o PAN, o presidente do PS manifestou frustração através de um longo texto na rede social Facebook onde frisou os argumentos socialistas, mas, sobretudo, estabeleceu uma linha de argumentação de pressão dos partidos da esquerda. “Fico sem perceber se, afinal, se sentem melhor a fazer oposição a um governo de direita do que a fazer acordos com um governo de esquerda”, escreveu o socialista.

“Portugal não é um negócio entre partidos! Portugal é a nossa missão!”, começou por escrever, frisando que é necessária “compreensão e humildade” na negociação para o OE2022 uma vez que para Carlos César nota-se “uma postura política de incompreensão e de arrogância” da parte dos partidos à esquerda que pensam “ao Governo e ao PS tudo pode ser exigido, e que tudo estes devem aceitar”.

É aqui que se vira para os dois principais obstáculos de Costa nas negociações: “Sinto que BE e PCP (…) têm de tornar mais inequívoco, e dizer mais claramente aos portugueses, o que os move: se só justificar como desaprovam o OE, derrubam o Governo e dão uma oportunidade à direita, ou se, pelo contrário, procuram construir consensos que afirmem à esquerda a governação do País (sem, evidentemente, ocultarem as suas divergências e as suas diferenças”, escreve, garantindo que o “PS permanece apostado nessa construção.”.

Sobre um eventual chumbo do OE2022 e eleições antecipadas, Carlos César atira que o “era melhor para Portugal evitar que, como anunciou o Presidente da República, seja desencadeado agora um processo eleitoral antecipado, que prejudicará fortemente a execução adequada dos vultuosíssimos investimentos que o PRR proporciona e que fará com que o rigor que isso exige seja substituído pela agitação e a precariedade que o tempo eleitoral gerará”.

Apesar da difícil negociação que se espera e a curta margem de tempo, o presidente do PS garante que o partido e o Governo estão confiantes
Com os nossos erros e com as nossas virtudes, o PS está a trabalhar para Recuperar Portugal. Os portugueses sabem e saberão que assim é. Estamos confiantes”.

O Presidente da República considerou, esta quinta-feira, que os próximos dias serão decisivos para o futuro do OE2022, uma vez que irão decorrer reuniões entre o Governo e os partidos até à votação na generalidade na próxima semana.Aos jornalistas,  Marcelo Rebelo de Sousa frisou que continua “à espera que nos próximos dias aquilo que aconteça seja um diálogo entre partidos e Governo”, descartando, assim um cenário de uma possível eleição antecipada.

“Funciono na base do cenário de que não há chumbo do orçamento. Não espero outro cenário”, revelou.

Esta quarta-feira, o primeiro-ministro manteve a confiança na viabilização do OE2022, ainda que não tenha garantido os votos a favor do Partido Comunista, Bloco de Esquerda e PAN. “Estamos empenhados e vamos fazer de tudo para que o acordo exista”, frisou António Costa.

Na terça-feira, o Bloco de Esquerda divulgou que as negociações com o Governo “prosseguiram, mas sem aproximação satisfatória”, depois de no fim de semana o BE ter enviado por escrito e divulgado publicamente as suas nove propostas nas áreas da saúde, trabalho e segurança social.

Por sua vez, o PAN exigiu que as propostas do partido sejam “acolhidas” num memorando de entendimento com o Governo.

Já o PCP admitiu em entrevista à Antena 1 que “na fase em que estamos, ou há compromissos concretos, ou o anúncio de intenções serve de pouco”, deixando claro que os comunistas querem ver a questão do próximo Orçamento de Estado resolvida na votação na generalidade. Isto é, na próxima semana.

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