[weglot_switcher]

Carlos Costa: “Se alguém tem provas que me ponham em causa tem toda a possibilidade de me exonerar”

Governador do Banco de Portugal diz que nada fez de errado quando era administrador do banco público.
  • Cristina Bernardo
19 Fevereiro 2019, 21h17

O governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, afastou nesta noite de terça-feira, em entrevista à SIC, qualquer hipótese de abandonar o cargo antes do final do mandato devido às concessões de créditos ruinosos em que garante não ter participado quando era administrador da Caixa Geral de Depósitos (CGD), mas disse que “se alguém tem provas que me ponham em causa tem toda a possibilidade de me exonerar”.

“Não tenho que me considerar fragilizado por coisas que não cometi”, disse Carlos Costa a José Gomes Ferreira, que o entrevistou no “Jornal da Noite” da SIC, referindo que se lhe aplicam os procedimentos estabelecidos pelo estatuto do sistema europeu de bancos centrais, nomeadamente a avaliação pelas comissões de ética do Banco de Portugal e do Banco Central Europeu.

Carlos Costa garantiu que não participou em nenhum dos 25 créditos ruinosos da Caixa Geral de Depósitos detetados pela auditoria da EY quando era administrador do banco público.

“As decisões que determinaram perdas para a CGD foram tomadas em conselhos alargados de crédito em que não estive presente”, disse o ex-administrador do banco público, chegando a referir que “só ocasionalmente participava no conselho alargado de crédito”, e que a sua participação “destinava-se a assegurar o número de administradores necessário”.

Respondendo a perguntas de José Gomes Ferreira acerca da sua participação na concessão de crédito ao empreendimento de Vale do Lobo, o governador do Banco de Portugal alegou só ter estado presente numa reunião em que foi discutida a concessão de crédito a uma eventual aquisição, na qual a CGD só participaria caso existisse um sindicato bancário de pelo menos dois bancos e fossem satisfeitas todas as condições colocadas do Departamento de Crédito do banco público. “Era uma decisão de princípio e não havia nenhum candidato à aquisição”, disse Carlos Costa.

No que toca ao seu papel na concessão de crédito à holding do empresário Manuel Fino para a compra de ações da Cimpor, o ex-administrador só admitiu ter participado na decisão de um segundo crédito e alegou que nesse caso o banco foi reembolsado e “poderá ter garantido lucros para a CGD”. “Os créditos onde eu participei não geraram perdas para a Caixa”, dissera pouco antes Carlos Costa.

Mais cinco a dez mil euros pelo monte de Armando Vara

Quanto à compra de um monte alentejano a Armando Vara, Carlos Costa fez questão de deixar claro que não é amigo do ex-ministro socialista, atualmente a cumprir pena de prisão em Évora, e que já havia transitado de conselhos de administração nomeados por Manuela Ferreira Leite e Bagão Félix quando Teixeira dos Santos assumiu a pasta das Finanças e entregou à presidência do banco público a Carlos Santos Ferreira.

”Foram os serviços da CGD que identificaram a oportunidade de negócio e ocuparam-se do procedimento de aquisição”, disse Carlos Costa, negando que a compra da propriedade a Armando Vara implicasse qualquer proximidade com o seu então colega de conselho de administração. O governador do Banco de Portugal salientou que acabou por pagar um valor “cinco a dez mil euros” superior ao que começara por ser pedido pela agência imobiliária.

No que toca às semanas de férias que passou em Vale do Lobo em 2013 e 2014, sendo já era governador do Banco de Portugal e quando os incumprimentos em relação à CGD já eram notórios, como foi avançado pelo Jornal Económico, Carlos Costa limitou-se a dizer que “nada tinha a ver” com o empreendimento e garantir que pagou por inteiro o valor de mercado.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.