[weglot_switcher]

Carlos Costa: “É crucial participar na corrida da inovação sob pena de a Europa perder relevância”

O governador do Banco de Portugal realçou que a capacidade de inovação é uma “importante alavanca da produtividade” durante a conferência “Investimento, Inovação e Digitalização: O caso português”, que decorre no Museu do Dinheiro, em Lisboa.
21 Janeiro 2019, 16h01

O governador do Banco de Portugal (BdP) apelou esta segunda-feira ao investimento na inovação por parte de todos os Estados-membros da União Europeia (UE), caso contrário os países europeus perdem a “guerra da competitividade”.

“É crucial participar nesta corrida global da inovação e da digitalização, sob pena de a Europa perder relevância no panorama internacional”, disse Carlos Costa, na conferência “Investimento, Inovação e Digitalização: O caso português”, que decorre no Museu do Dinheiro, em Lisboa.

O dirigente do banco central português realçou que a inovação está em “mutação contínua” e que os avanços tecnológicos promovem o nascimento de empresas, mas exigem “transformações profundas nos modelos de negócio”. A seu ver, a capacidade de inovação é uma “importante alavanca da produtividade”, uma opinião partilhada por, pelo menos, dois em cada cinco empresários no país.

De acordo com a “Investment Survey 2018”, realizada pelo Banco Europeu de Investimento (BEI), duas em cada cinco empresas em Portugal declararam ter introduzido novos produtos, processos ou serviços nos seus negócios e 14% garantem que essa inovação não se limita ao país, sendo novidade ao nível do mercado único.

“É pela via do investimento, da aposta na inovação e da capacidade de tirar partido das potencialidades da economia digital que se podem criar condições para o aumento da produtividade, indispensável ao crescimento económico no longo prazo”, explicou Carlos Costa, na abertura da sessão.

No boletim económico de dezembro, o regulador bancário revelou que as empresas estrangeiras em Portugal reconhecem que existem menores obstáculos ao investimento do que as empresas nacionais, nomeadamente no que diz respeito à “incerteza sobre o futuro” e à “disponibilidade de financiamento”, com base nos dados recolhidos pelo BEI junto de 535 firmas presentes no país.

“É fundamental que as empresas portuguesas evoluam no sentido de patamares superiores da cadeia de valor, da incorporação de conhecimento e do aproveitamento e rentabilização dos benefícios decorrentes da evolução tecnológica, incluindo a digitalização”, sugeriu o governador, acrescentando que os europeus perderam terreno no impacto na digitalização nas formas de relação entre agentes, espaço e social, inclusive para os norte-americanos.

Carlos Costa, que foi vice-presidente do BEI, iniciou a sua intervenção no evento contextualizando o papel desta instituição europeia no apoio às PME, e consequentemente na reestruturação económica da comunidade única. Apelidando o BEI de “coluna vertebral do tecido empresarial europeu”, e de “segredo mais bem guardado da UE”, o governador lembrou que o financiamento total deste banco representou, em 2017, cerca de 1% do Produto Interno Bruto de Portugal, tal como já tinha sucedido no ano anterior. Para o número um do BdP, o BEI tem tido “contributo notável” para o investimento em Portugal desde 1976. “É o agente da racionalidade económica e social, traz ao setor privado financeiro um retorno socioeconómico”, defendeu Carlos Costa.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.