Nuno Mota Pinto já tem um número dois. Trata-se de Carlos Leiria Pinto que vem também do Banco Mundial.
Carlos Leiria Pinto foi convidado pelo futuro presidente da Caixa Económica Montepio Geral e aceitou, soube o Jornal Económico. O processo de convites para a administração do Montepio está a ser acompanhado pelo Banco de Portugal a par e passo, segundo as nossas fontes.
Carlos Leiria Pinto exerce funções no Banco Mundial nas áreas de investimento privado em países da América Latina com hub no Peru.
A composição do novo Conselho de Administração do Montepio ainda não está concluída, mas sabe-se já que toda a atual administração será substituída.
A mudança de administração do Montepio implica a aprovação prévia dos novos estatutos que trarão um novo modelo de Governo ao banco hoje liderado por José Félix Morgado. Entre as diferenças face ao modelo atual está o facto de desaparecer o Conselho Geral de Supervisão e o Conselho Fiscal. Passa a haver um modelo monista com um Conselho de Administração e uma Comissão Executiva que emana desse Conselho.
Os novos estatutos têm de ser aprovados em Assembleia-geral do banco (cujo único acionista é a Associação Mutualista Montepio Geral), só depois é que serão submetidos ao BdP, que poderá ditar alguns ajustes, isto apesar de estar a acompanhar a construção do novo modelo de governação.
José Félix Morgado vai sair antes do mandato terminar e enfrenta um processo do Banco de Portugal contra a sua administração por causa das Vogais Dinâmicas. O processo foi aberto recentemente pelo Banco de Portugal, segundo notícia do Expresso do mês passado e incide sobre operações que ocorreram no mandato de José Félix Morgado, que assumiu a presidência do banco em agosto de 2015. Portanto trata-se de um processo que ainda está longe do seu desfecho final, soube o Jornal Económico junto de fonte familiarizada com o assunto.
O Banco de Portugal instaurou processos de contra-ordenações contra a Caixa Económica Montepio Geral e a administração executiva liderada por Félix Morgado por deficiências nos mecanismos de controlo interno e por alegados conflitos de interesse em atos de gestão. Em causa estão os casos da Vogais Dinâmicas e da venda de créditos da Casa da Sorte (o banco pôs à venda os créditos vencidos da Casa da Sorte no valor de 21,5 milhões. Apareceram três entidades na corrida. Uma delas foi excluída por suspeita de acesso a informação privilegiada.
O caso da Vogais Dinâmicas remonta a 29 de setembro de 2016, um dia antes de fechar as contas do terceiro trimestre desse ano, quando o Montepio e a Martifer criaram essa sociedade veículo, com um capital social de 50 mil euros e que era participada pelo próprio Montepio em 16%. A Vogais Dinâmicas iria ser financiada também pelo Montepio e iria comprar uma participação de 19% na Almina SGPS (ex-I’m Mining) — controlada pelos irmãos Jorge e Carlos Martins, da Martifer e pelo banco e era esperada uma mais-valia de 24 milhões de euros através da valorização daquela empresa de 360 milhões para 492 milhões de euros. Este movimento permitia aumentar o valor da participação do banco de 69 milhões para 93 milhões de euros. Perante dúvidas levantadas pelo revisor oficial de contas, a KPMG, o Conselho de Supervisão, acabou por vetar o negócio.
Mas os processos do Banco de Portugal abrangem também Tomás Correia, presidente da Associação Mutualista dona do banco. Tomás Correia foi constituído arguido pelo BdP devido a irregularidades de crédito (um dos casos envolve o filho do construtor José Guilherme a quem foi concedido um financiamento de 18 milhões) e no outro por falhas de controlo interno relativos a branqueamento de capitais detetadas em 2015. Neste caso a acusação é de novembro de 2016 e ainda não há uma decisão final por parte do BdP. Tomás Correia é arguido em dois processo do BdP.
Artigo publicado na edição digital do Jornal Económico. Assine aqui para ter acesso aos nossos conteúdos em primeira mão.
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