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Carlos Moedas defende critérios para o investimento estrangeiro na Europa

Carlos Moedas destaca que o investimento chinês na Europa cresceu 600% entre 1995 e 2015, “com claras implicações na distribuição de poder a nível internacional”.
  • Cristina Bernardo
15 Fevereiro 2019, 19h21

O comissário europeu Carlos Moedas defende hoje, dia 15 de fevereiro, em artigo de opinião publicado no ‘Correio da Manhã’, o estabelecimento de critérios para a aprovação de investimento estrangeiro no espaço comunitário.

Poucos dias depois de a Comissão europeia, de que Carlos Moedas faz parte, ter chumbado o projeto de fusão entre os fabricantes de material circulante ferroviário Siemens e Alstom, Carlos Moedas advoga “uma globalização inteligente” e a exigência de reciprocidade.

“Tenho um grande respeito pelas nossas regras de concorrência porque são sem dúvida um exemplo a nível mundial de como assegurar um ecossistema empresarial justo, com preços baixos para os consumidores. O problema é que as fora da União Europeia vão crescendo, muitas vezes à custa de regras mais flexíveis de concorrência nos mercados em que atuam, e tantas vezes com ajudas de estado dos governos que falseiam a própria concorrência”, alerta Carlos Moedas.

O comissário europeu  sublinha que “a ironia deste processo é que muitas das empresas europeias que poderiam ter sido gigantes mundiais acabam por ser compradas pelos rivais estrangeiros”.

“Porque no que respeita à entrada de capitais de grandes empresas não-europeias, a UE impõe poucas condições. Como resultado, o investimento direto da China na Europa cresceu 600% entre 1995 e 2015, com claras implicações na distribuição de poder a nível internacional”, denuncia Carlos Moedas.

O comissário europeu considerada que, “em primeiro lugar é necessário estabelecer critérios para a entrada de investimento estrangeiro, à semelhança daquilo que americanos e chineses já fazem”.

“Nesse sentido, a Comissão Europeia aprovou a criação de um mecanismo de cooperação que avaliará se os investimentos de origem não-europeia são compatíveis com os interesses da UE”, recorda.

Carlos Moedas refere que o novo quadro de análise do investimento estrangeiro no espaço comunitário assentará em cinco critérios: 1) impacto sobre infraestruturas-chave; 2) riscos associados à distribuição de bens essenciais; 3) potencial acesso ou controlo de informação sensível; 4) impacto sobre tecnologias-chave; 5) ter em conta se o potencial investidor é controlado por um governo estrangeiro.

“Em segundo lugar, temos que ser exigentes em reclamar reciprocidade aos nossos parceiros comerciais. Se as empresas chinesas podem entrar sem entraves no mercado europeu, as empresas europeias devem poder aceder ao mercado chinês nas mesmas condições. Aí, sim, teremos concorrência em pé de igualdade”, assinala Carlos Moedas.

O comissário europeu encerra o referido artigo de opinião dizendo “estes primeiros passos que a Comissão deu mostram-nos que a UE pode deixar de ser ingénua face à globalização”, acrescentando que “é uma escolha política que podemos e devemos fazer”.

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